Tony Goes

Espontâneas e intimistas, as entrevistas remotas chegaram para ficar

Formato de live das redes sociais já foi absorvido pelos talk shows da televisão

Da esq. para dir., Fábio Porchat, Marcelo Tas e Pedro Bial
Da esq. para dir., Fábio Porchat, Marcelo Tas e Pedro Bial - Montagem
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Surgidos na década de 1950 na TV americana, os talk shows nunca foram só talk. Desde o começo, os programas de entrevistas exibidos tarde da noite sempre tiveram números musicais, humorísticos e até de mágica. Não demorou para os comediantes tomarem o lugar dos jornalistas no comando das atrações do gênero.

A fórmula se exacerbou nos últimos anos. Jimmy Fallon assumiu o Tonight Show, da rede NBC, no começo de 2014, e o transformou num parque de diversões, com brincadeiras elaboradíssimas e mais música do que nunca.

A onda se espalhou pelo mundo. Aqui no Brasil, o exemplo mais bem-sucedido é o Lady Night (Multishow e Globo) de Tatá Werneck, praticamente um programa de humor. Mas também há contraexemplos, como o Conversa cm Bial (Globo) e o #Provoca (Cultura), em que a fala ainda é primordial.

Todos esses programas são gravados em estúdios. A maioria deles conta com banda e plateia, um esquema que se tornou inviável com o advento da pandemia da Covid-19. No entanto, mesmo com tantas restrições, o talk show é o formato de entretenimento que mais rápido está se recuperando.

E deve isso, suprema ironia, à internet. Porque foi nas redes sociais que emergiram as lives –primeiro como um jeito dos músicos, impossibilitados de fazerem shows, se apresentarem para seus fãs. Mas logo gente como Fábio Porchat e Marina Person também aderiu, e as conversas entre famosos (ou nem tanto) no Instagram se multiplicaram a perder de vista.

Tampouco tardou para as entrevistas por videoconferência chegarem à TV. Os telejornais foram os pioneiros, mas, já em março, Marcelo Tas entrou no esquema com seu #Provoca, que ganhou o sobrenome Em Casa. Nesta semana, foi a vez de Pedro Bial voltar ao ar da mesma forma.

O interessante é que o Conversa com Bial não perdeu nada de sua vibração ou relevância, ao mesmo tempo em que ganhou espontaneidade e intimismo. Claro que a lista caprichada de convidados ajudou, como costuma acontecer nos primeiros dias de uma nova temporada. Glória Maria, Paulo Gustavo, Anitta, Lima Duarte e, nesta sexta (22), Xuxa, são pessoas acostumadas com as câmeras, e que renderiam boas entrevistas em qualquer situação. Mas é óbvio que o talento de Bial também pesa no resultado final, e muito.

Por tudo isto, aposto que as videoconferências chegaram para ficar. Não acredito que ela vá substituir o formato tradicional: plateia e banda esquentam qualquer atração. Mas os bate-papos remotos, além de todas as qualidades já citadas, ainda possibilitam que sejam entrevistadas pessoas que estejam em outras cidades ou países, ou que não puderam comparecer ao estúdio por qualquer razão.

Este é um dos primeiros efeitos duradouros que o confinamento deixará para a televisão. Pelo menos, é um efeito positivo.

Tony Goes

Tony Goes (1960-2024) nasceu no Rio de Janeiro, mas viveu em São Paulo desde pequeno. Escreveu para várias séries de humor e programas de variedades, além de alguns longas-metragens. Ele também atualizava diariamente o blog que levava seu nome: tonygoes.com.br.

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