Depois de anos afastada da TV, Karina Barum volta em série de época
'A3', da produtora Medialand, estreia em 2020 no canal Prime Box Brazil
Quem viu as novelas “Torre de Babel” (1998) e “A Padroeira” (2001), da Globo, ou “Esmeralda” (2004), do SBT, deve se lembrar dela. Mas, desde então, as aparições de Karina Barum na TV foram se tornando cada vez mais raras e esparsas. Suas últimas aparições foram no programa “Tribunal na TV” (Band, 2010).
A razão é simples: Karina se casou e foi morar em Florianópolis (SC). Teve uma filha e está lá até hoje. Mas, depois de quase uma década longe das câmeras, a atriz sentiu que estava na hora de retomar a carreira.
Seu primeiro projeto é a série “A3”, cujas gravações se estenderão até dezembro nos estúdios da produtora Medialand em Cotia, na Grande São Paulo. O nome soa um pouco estranho: além de ser um formato de folha de papel, “A3” também remete a sexo a três, o famoso “ménage à trois”.
“Foi de propósito”, diz o roteirista e diretor Beto Ribeiro. “Eu queria que as pessoas pensassem em sexo, porque a série fala muito disso. E também busquei um título diferente dos que são usados habitualmente em histórias de época”.
De fato, “A3” se passa entre 1927 e 1958, no bairro paulistano de Santa Cecília. Karina Barum vive Adalgisa, uma jovem cheia de sonhos que, depois de um casamento conturbado, se torna uma mulher manipuladora. “A típica matriarca que renega o progresso social para preservar o seu mundo particular, fazendo de tudo para que ele continue intocável”, diz ela.
Mas por que “A3”, afinal? “Porque, a cada episódio, apresentamos uma trama a partir de três pontos de vista diferentes”, conta Beto Ribeiro. O autor do projeto conta que, na adolescência, ficou muito impressionado com a peça “Tamara”, encenada em São Paulo em um casarão.
“Os personagens começavam o espetáculo reunidos na sala de estar. Mas, depois, se espalhavam pelos diversos cômodos, e o público tinha que escolher quem iria seguir. No final, cada espectador tinha visto uma história diferente”.
O recurso das diferentes versões para o mesmo fato também foi usado no clássico filme “Rashomon” (1950), de Akira Kurosawa, e, mais recentemente, na série “The Affair”, disponível na Netflix.
“A3” é composta por sete episódios longos, com cerca de 70 minutos cada um. Contam a vida de Adalgisa, mas também têm vida independente. “Quem assistir a um só deles verá uma história completa, com começo, meio e fim”, afirma Carla Albuquerque, produtora-executiva e diretora de arte da série.
O roteiro tem muitos elementos do folhetim clássico: amores proibidos, troca de bebês e até um “serial killer”, que enforca suas vítimas. Mas também traz desquite (ainda não existia o divórcio, que só foi legalizado no Brasil em 1977), homossexualidade e outros antigos tabus, para marcar a evolução dos costumes ao longo do século 20.
O elenco de “A3” ainda inclui Murilo Meola (“Cúmplices de um Resgate”), Cristina Bonna (“Carrossel”), Tom Muszkat, Giovanna Siqueira, Michael Waisman, Dani Fernandes e Artur Rangel. Os esmerados cenários e figurinos acompanhar o passar do tempo, incorporando a moda de cada período.
A estreia está prevista para 2020 no canal pago Prime Box Brazil, ainda sem data definida. Tratando de temas contundentes como o machismo e mostrando, através de múltiplos ângulos, que a verdade absoluta não existe, “A3” chega à TV em um momento peculiar da história do Brasil.
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