Apple TV + e 'UmaSóGlobo' sinalizam o futuro da televisão
Queda do número de assinantes da TV paga também é sintoma das mudanças
A semana foi rica em notícias dos bastidores da TV e do streaming. A maior delas veio logo na segunda (25): em um evento em sua sede na Califórnia, a Apple anunciou, entre outras novidades, o lançamento de sua própria plataforma de conteúdo, a Apple TV +.
Até o final deste ano, o serviço estará disputando mercado com a Netflix, a Amazon Prime Video, a Hulu (esta, ainda indisponível no Brasil) e outras que ainda estão para chegar, como a plataforma da Disney.
Por aqui, a Globo informou que a Globosat (que reúne dezenas de canais pagos) e a Som Livre (gravadora) deixarão de ser empresas independentes em 2020. Serão fundidas com a emissora de TV aberta e passarão a se chamar apenas Globo.
A mudança não é só cosmética. A Globo anunciou nesta quinta (28) a criação de sua Diretoria Integrada de Negócios. Isto significa que as operações digitais e de TV aberta do Grupo Globo serão regidas pela mesma equipe, algo que não acontecia antes. Tudo isto faz parte do projeto “UmaSóGlobo”, que pretende repensar todo o modelo de negócios do grupo.
E assim, a maior empresa de comunicação do país se prepara para um futuro que já começou, em que a TV linear – um termo novo para designar os canais convencionais, com grade de programação e horários fixos – não é mais predominante.
Neste futuro, iremos assinar serviços de streaming – Netflix, HBO, Fox, Prime Video, Globoplay – e assistiremos a quase tudo na hora em que preferirmos. Ao vivo, com hora marcada, praticamente só noticiários e eventos esportivos.
Mas vai ser bom para o consumidor? Vai. Quem assinar cinco plataformas de vídeo sob demanda irá gastar, em valores de hoje, algo como R$ 120 por mês. É bem menos do que os R$ 300 (ou mais) que custam os pacotes premium das operadoras de TV paga.
Isto nos leva a outra notícia divulgada na semana que passou: a TV paga perdeu quase 90 mil assinantes no mês de fevereiro. De 2014 para cá, foram três milhões a menos (passou do recorde de 20 milhões para 17, e continua caindo).
Claro que a crise econômica tem muito a ver com isto. Sem dinheiro, as pessoas vão cortando os supérfluos, e as dezenas de canais desinteressantes que as operadoras enfiam em seus pacotes se encaixam perfeitamente nesta categoria.
Mas também há a mudança de hábito. Mais do que isto: estamos presenciando uma troca de gerações, tanto no sentido humano quanto no tecnológico. Quem tem filho adolescente já percebeu que ele mal vê TV aberta. Prefere seguir vlogueiros e baixar séries.
Além da Globo, a Record também sentiu que os ventos estão mudando, e lançou seu próprio streaming, a PlayPlus, no ano passado. O SBT, que jamais investiu em TV paga, vem reforçando sua presença no YouTube e no IGTV, a plataforma de vídeos do Instagram. Band e RedeTV!, em menor escala, também correm atrás do público que só está no digital.
Mas é inevitável que ocorram baixas no mercado. Os alvos preferenciais parecem ser as operadoras de TV paga. Quem não se adaptar, morrerá. Não é por outra razão que a Net passou a oferecer acesso à Netflix.
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