Tony Goes

Depois de décadas como coadjuvante, John C. McGinley protagoniza uma série cômica

Ator, que fez o dr. Perry Cox em Scrubs, está em Stan Against Evil

John C. McGinley em 'Stan Against Evil'
John C. McGinley em 'Stan Against Evil' - Kim Simms/IFC/Divulgação
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“Character actor” é uma expressão curiosa da língua inglesa. O termo significa, literalmente, “ator de personagem” – um pleonasmo, já que todo ator encarna personagens. Mas, na prática, ele se refere aos profissionais que constroem suas carreiras interpretando papéis coadjuvantes, muitas vezes de forma brilhante, sem jamais chegar aos principais.

John C. McGinley viveu mais de trinta anos como “character actor”. Ainda jovem, ele caiu nas graças do diretor Oliver Stone, com quem rodou seis filmes. Participou de títulos badalados como “Platoon”, “Nascido em 4 de Julho” e “Nixon” – mas alguém se lembra de ver McGinley nesses longas? 

Sua grande chance só surgiu em 2001, com a série cômica “Scrubs”. O ator passou quase toda a década seguinte fazendo o sarcástico dr. Perry Cox, um médico sem papas na língua e “inimigo” de um grupo de jovens residentes em um hospital, cujos sonhos ele fazia questão de destroçar. 

Este papel lhe rendeu fama, prêmios e convites para outros trabalhos. Entre eles, a remontagem de 2012 da peça “Glengarry Glen Ross”, de David Mamet, na Broadway, ao lado de ninguém menos que Al Pacino. “Foi a coisa mais ‘rock’n’roll’ que eu já fiz na vida”, contou McGinley à Folha, em uma entrevista por telefone. “A energia no palco e a resposta do público eram incríveis”. 

Hoje, finalmente, John C. McGinley estrela uma série de TV. Ele é o personagem-título de “Stan Against Evil” (Stan Contra o Mal, em tradução livre), que mistura comédia e horror. Seu Stan Miller é o ex-xerife de uma cidadezinha do estado de New Hampshire, na região da Nova Inglaterra – palco de perseguições a supostas bruxas no século 18. 

Essas bruxas são reais no seriado, e vêm acompanhadas por demônios e toda sorte de maus espíritos. Stan só descobre a existência deles depois que sua mulher morre: ela era uma espécie de feiticeira do bem, que conseguia barrar as forças da escuridão. Um embate com uma bruxa durante o enterro da esposa faz com que Stan seja forçado a se aposentar do cargo de xerife. 

Sua substituta Evie (Janet Varney) é uma mulher muito mais jovem, corajosa e algo ingênua. Ela e Stan precisam se juntar para combater o mal – mas quem disse que eles conseguem? É do atrito entre ambos que vêm a maior parte das risadas. 

Pergunto a McGinley se a série não poderia se chamar “Man Against Woman” (Homem Contra Mulher). Ele desconversa, mas também afirma que o programa descende da tradição americana das “screwball comedies”: comédias de ritmo frenético, protagonizadas por um casal que vive às turras.

“Assim como nas ‘screwball comedies’, a ação de “Stan Against Evil” é sempre iniciada pela mulher”, diz ele. “O homem só reage”. A maior diferença, no caso de sua série, é que não há envolvimento amoroso entre os personagens. 

Mas o embate entre os sexos é mesmo um dos temas do programa. Não por acaso, a nova xerife se chama Evie – um nome cujo som se assemelha ao “evil” (mal) do título.

“Stan Against Evil” já está na terceira temporada nos Estados Unidos. Por aqui, a segunda leva estreia na próxima terça-feira (27), no canal AMC, às 21h30. É um prato cheio para quem é fã de humor negro, e também uma chance de conferir a verve e o talento de John C. McGinley.

Tony Goes

Tony Goes (1960-2024) nasceu no Rio de Janeiro, mas viveu em São Paulo desde pequeno. Escreveu para várias séries de humor e programas de variedades, além de alguns longas-metragens. Ele também atualizava diariamente o blog que levava seu nome: tonygoes.com.br.

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