Todo mundo tem razão na polêmica provocada por Caio Blat
Ator virou assunto nas redes sociais após compartilhar foto com a frase 'Bruta não, mal domada'
Pouco mais de três anos atrás, uma discussão tomou conta da internet em escala planetária: afinal, a foto postada por uma escocesa no Tumblr era de um vestido azul e preto, ou branco e dourado?
O vestido era azul e preto, mas quem achou que era branco e dourado não estava errado. A luz da foto, a qualidade da reprodução e até características psicológicas de quem a via ajudavam a explicar as diferenças na percepção.
Guardadas as devidas proporções, uma controvérsia parecida está acontecendo no Brasil esta semana. O ator Caio Blat publicou em seu perfil no Instagram uma foto em que aparece ao lado de uma moça não identificada. Nas costas da camiseta dela, lê-se “Bruta não. Mal domada”.
Os comentários imediatamente se dividiram em dois grandes grupos, cada qual com seu quinhão de famosos. Muita gente achou graça na foto, incluindo atores como Johnny Massaro, Guta Stresser e Virginia Cavendish (mãe de Luísa Arraes, a namorada de Blat).
Mas também teve quem se revoltou, como as atrizes Maria Casadevall e Carolinie Figueiredo. A frase seria machista, ao defender implicitamente que uma mulher precisa ser domada feito um animal selvagem.
Quem está com a razão? Na minha humilde opinião, todo mundo.
O conceito de que a mulher é uma potra chucra a ser amansada faz parte do pensamento ocidental desde tempos imemoriais. Basta lembrar o título de uma das comédias mais populares de Shakespeare: “A Megera Domada”, em que a protagonista de temperamento forte é vergada até se tornar submissa ao marido. A peça é muito engraçada, mas é indiscutivelmente machista.
Portanto, uma mulher que se assume “mal domada” estaria admitindo que só não virou uma gueixa de candura porque teve um domador incompetente.
Por outro lado, há um humor na frase da camiseta da amiga de Caio Blat que deveria ser evidente. Ela diz que ser “mal domada” é uma qualidade, um traço de rebeldia e insubmissão. Em outras palavras, uma mensagem feminista.
Ou seja: todo mundo que se envolveu nesta polêmica concorda que a mulher não precisa ser “domada” por ninguém. Mas a leitura da frase gerou interpretações opostas.
Palavras têm poder, inclusive o de separar quem pensa parecido. E, ao contrário de um vestido azul ou dourado, nada tem de inofensivas.
Na internet, todo cuidado é pouco.
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