Sula Miranda rouba a cena na estreia de Os Gretchens
Reality Os Gretchens estreou nesta segunda (23) no canal pago Multishow
Gretchen construiu quase 40 anos de carreira em cima de apenas três músicas. Claro que ela gravou muitas mais, mas seus hits cabem com folga nos dedos de uma única mão: “Conga Conga Conga”, “Freak Le Boom Boom” e “Je Suis la Femme (Melô do Piripiri)”.
Nem mesmo “Falsa Fada”, lançada no final de 2017 quando a carreira da “Rainha do Bumbum” ganhava novo alento, conseguiu emplacar. E vamos combinar que “Swish Swish”, de cujo “lyric video” Gretchen participou, pertence ao repertório de Katy Perry.
Já Sula Miranda vendeu milhões de discos a mais do que Gretchen, de quem é irmã mais nova. Sagrada “Rainha dos Caminhoneiros” em meados da década de 1980, ela atingiu o topo da música sertaneja quando o gênero era muito mais fechado às mulheres do que hoje em dia.
Mais tarde, Sula tornou-se uma bem-sucedida apresentadora de TV, passando por diversas emissoras. E há poucos anos reinventou-se como cantora gospel, além de retomar o sertanejo (admita-se, sem o mesmo sucesso de antes).
Só que a fama de Sula nunca “quebrou a internet”. Ela não participou de “reality shows”, nem fez caretas que viraram memes. O resultado é que hoje Sula é coadjuvante no “reality” centrado na irmã mais midiática: Os Gretchens, um nome que é quase um insulto à sua carreira.
Os Gretchens estreou nesta segunda (23) no canal pago Multishow, onde ficará no ar pelas próximas semanas. A inspiração é óbvia: programas americanos que exploram o dia a dia da família de celebridades, como The Osbournes (MTV) ou Keeping Up with the Kardashians (E!).
E o elenco é um sonho. Parece ter sido feito por um experiente diretor de “casting”, e não a família de verdade de Gretchen. Além da própria, desinibida como sempre, ainda há seu filho trans, Thammy Miranda, que não tem pudor de discutir cirurgias de realinhamento genital em frente às câmeras, ou a namorada deste, Andressa Ferreira, sem a menor papa na língua. Carlos Marques, 17º e atual marido de Gretchen, faz um contraponto discreto com seu sotaque luso, por vezes incompreensível.
Mas quem brilhou no primeiro episódio foi Sula Miranda, que assumiu com galhardia o papel de antagonista. Ela projeta ser tudo o que a irmã mais espalhafatosa não é: centrada, comedida, elegante, racional. E ainda muito bonita aos 54 anos de idade, sem as plásticas de resultado duvidoso de Gretchen.
Conversando com o sobrinho Thammy —cuja transexualidade se choca com a fé evangélica da cantora— Sula se mostra articulada e afetuosa, sem jamais ser agressiva. E chega a ser engraçada ao reprimir um estrondoso espirro emitido pela irmã.
Os Gretchens ainda tem chão pela frente, e Sula Miranda não aparece em todos os episódios. Mas não deixa de ser irônico — e com um leve sabor de vingança — que o programa inventado para capitalizar o bom momento da carreira da irmã sirva para que ela também recupere os holofotes.
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