Tony Goes

O surpreendente sucesso das séries espanholas no Brasil

O hit do momento é 'La Casa de Papel', um pastiche de Quentin Tarantino

Pedro Alonso em cena da série "La Casa de Papel'
Pedro Alonso em cena da série "La Casa de Papel' - Reprodução
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No tempo em que só havia TV aberta, quase todos os programas importados exibidos por aqui vinham dos Estados Unidos. As exceções eram alguns seriados e desenhos japoneses que divertiam a criançada, e uma ou outra série britânica que conseguia furar o cerco.

O cardápio começou a mudar com o advento dos canais pagos, mas não muito. A produção americana continuou a dominar as grades de programação.

Nossas telinhas só se abriram ao mundo com a chegada do streaming, há cerca de cinco anos. Plataformas como a Netflix trouxeram para cá atrações de lugares como Índia, Islândia e Austrália, e algumas caíram no gosto do espectador brasileiro.

Em meio a esse súbito aumento da oferta, um país vem se sobressaindo: a Espanha, cujas produções aliam um alto nível técnico a uma proximidade cultural que lhes facilita o apelo entre nós.

Verdade que a primeira série espanhola a fazer algum barulho por aqui não passou na Netflix. Foi “Isabel”, exibida originalmente pelo GNT a partir de 2015, e cujas três temporadas seguem disponíveis nos serviços sob demanda da Claro Vídeo e da Mais Globosat.

“Isabel” reconstitui minuciosamente o turbulento reinado da rainha Isabel de Castela, que unificou a Espanha no século 15 - talvez até com minúcias demais. Alguns episódios chegam a durar quase uma hora e meia, autênticos longas-metragens. Mas, guardadas as devidas proporções, é quase um “Game of Thrones” sem dragões.

Na Netflix, em meio à farta programação de origem hispânica disponível, “Merlí” se destacou. A série catalã sobre um professor de filosofia e seus alunos começou de maneira modesta, numa emissora regional, mas logo se transformou em um fenômeno de audiência em toda a Espanha. Graças à Netflix, suas três temporadas também fazem sucesso na América Latina.

Apesar das críticas francamente desfavoráveis, o hit do momento é “La Casa de Papel”, um pastiche de Quentin Tarantino sobre um assalto à Casa da Moeda espanhola. A Netflix deve exibir os seis últimos episódios da minissérie a partir de 6 de abril.

E já existe um outro título conquistando fãs por aqui. Trata-se de “El Ministerio del Tiempo”, em que agentes de um braço secreto do governo espanhol viajam por distintas épocas do passado, para garantir que a história aconteça exatamente do jeito que aconteceu.

Um formato tão bem-sucedido que já rendeu uma versão portuguesa, produzida pela RTP e focando na história lusa. E também um possível plágio americano: a série “Timeless”, exibida pela rede NBC. Os produtores de “El Ministerio del Tiempo” entraram com um processo na Justiça.

É ótimo que o público brasileiro - ou pelo menos uma parcela dele, pois estamos falando do streaming --se interesse por programas estrangeiros não falados em inglês. Fomos condicionados durante décadas a achar que tudo que é bom só vem dos Estados Unidos, e ainda temos um certo preconceito contra nossos vizinhos culturalmente mais próximos.

As séries espanholas estão rompendo essa barreira. Agora, precisamos prestar mais atenção ao que vem do México, da Argentina, da Colômbia e de Portugal.

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Diferente do que foi informado, a série "La Casa de Papel" não tem segunda temporada confirmada. O lançamento marcado pela Netflix é referente aos episódios restantes da primeira temporada.   

Tony Goes

Tony Goes (1960-2024) nasceu no Rio de Janeiro, mas viveu em São Paulo desde pequeno. Escreveu para várias séries de humor e programas de variedades, além de alguns longas-metragens. Ele também atualizava diariamente o blog que levava seu nome: tonygoes.com.br.

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