Plateia da final do 'MasterChef Profissionais' foi só um 'tompêro' a mais
Fui convidado pela assessoria de imprensa da Band para assistir ao vivo à final do "MasterChef Profissionais', realizada na terça (5), e aceitei.
Por causa de outro compromisso profissional, cheguei à sede da emissora em São Paulo por volta das 23h, com o programa já em andamento. Mas ainda estava no comecinho: os dois finalistas, Francisco Pinheiro e Pablo Oazen, estavam preparando as entradas do elaboradíssimo menu autoral que constituía a última prova da competição.
Quer dizer, estavam preparando no vídeo. No imenso estúdio-cozinha, a plateia de parentes, patrocinadores e jornalistas acompanhava a prova por telões, como o espectador que estava em casa.
Quase tudo já estava gravado, é claro. Já imaginou, ter que assistir em tempo real à confecção de seis pratos complicados (duas entradas, dois principais e duas sobremesas)? Seria uma prova de resistência mais cruel do que as que Boninho inflige aos participantes do "BBB".
Mas então, para que serve a plateia? Para fazer barulho. Para emprestar grandiosidade ao desfecho do “reality”, batendo palmas quando solicitada e ficando bem quietinha em outros momentos.
Como em qualquer programa de auditório, o público é apenas um "prop" a mais. Um elemento que ajuda a compor a imagem que vai para o ar, que é o que realmente interessa. Ou, na expressão consagrada pelo chef Erick Jacquin, um "tompêro" extra.
Claro que é divertido fazer parte dessa plateia. Como em uma comédia assistida em um cinema lotado, tudo fica mais engraçado, mais emocionante, mais arrebatador. A edição ágil e a trilha sonora --frequentemente exagerada-- ajudam a criar um clima quase que de Copa do Mundo.
Desde os primeiros instantes, tive a sensação de que Pablo iria ganhar. Seu rival Francisco aparecia quase sempre à beira das lágrimas, ouvindo com resignação as críticas impiedosas dos três jurados.
Houve manipulação por parte da edição do programa? Ou Francisco é mesmo assim, menos confiante e mais sensível que Pablo?
Acontece que, além de ser um concurso culinário, o "MasterChef", em todas as suas modalidades, também é uma competição entre personalidades. Não basta ser um cozinheiro excepcional para ganhar: além de saber trabalhar sob uma pressão insana, o concorrente ainda tem que ser capaz de seduzir o público.
E, nesta edição, quem tinha a melhor narrativa era mesmo Pablo. Suas dificuldades financeiras, sua família fofa, seu carisma pessoal, tudo isso contribuiu para sua vitória. E ele ainda contava com a vantagem de não ter nenhum fã gritando “paizão!” o tempo todo.
O programa terminou pontualmente à uma hora da manhã, sem as enrolações que prejudicaram as finais de outros anos. Saí da Band o mais rápido que pude, exausto e faminto.
Pois é: o serviço aos convidados terminou antes das 23h, e para quem chega atrasado no mais badalado "reality" de culinária da televisão brasileira, só servem água em copinho.
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