Suspensão de William Waack comprova imediatismo da internet
O vídeo que vazou nesta quarta (8) no qual William Waack aparece fazendo comentários racistas não precisou nem de 24 horas no ar para que a Globo tomasse uma atitude drástica. A emissora afastou o âncora do Jornal da Globo de suas funções e, em comunicado à imprensa, anunciou que iniciará conversas com ele para decidir como se desenrolarão os próximos passos.
Waak alegou não se lembrar direito do que disse (o áudio do vídeo é falho em alguns pontos) e pediu sinceras desculpas àqueles que se sentiram ultrajados com a situação. Por enquanto, não adiantou de muita coisa. O jornalista está sendo massacrado nas redes sociais e já se comenta que ele poderá ter rescindido seu contrato com a Globo.
O caso de Waack, se confirmado, lembra o de Boris Casoy, que foi condenado a pagar R$ 60 mil a um gari que se sentiu ofendido pelas palavras que o jornalista emitiu durante o Jornal da Band, que ele apresentava em 2009.
Era final de ano, e o telejornal exibiu uma matéria no qual lixeiros apareciam desejando feliz Natal. Sem perceber que seu microfone estava ligado, Casoy comentou que eles eram o mais baixo na escala do trabalho.
A internet entrou em erupção e a repercussão do episódio manchou a imagem de Casoy para sempre. Mas, na época, a Band não tomou nenhuma medida contra o jornalista, que hoje está na RedeTV!.
O que mudou de lá para cá? Muita coisa, a começar pela influência das redes sociais. Avalanches de comentários negativos tornaram-se suficientes para que grandes empresas revejam estratégias de marketing, retirem anúncios do ar ou demitam funcionários sumariamente.
Há cerca de dois meses, o banco Santander cancelou a mostra Queermuseu em Porto Alegre, depois de ter sido acusado online de patrocinar a exibição de obras que promovem a pedofilia e ridicularizam as religiões.
Há menos de uma semana, a Netflix não só suspendeu as gravações da sexta temporada da série "House of Cards" como eliminou o protagonista do programa, vivido pelo ator Kevin Spacey, acusado de assédio sexual por um número de rapazes que cresce todos os dias.
E esta semana a Globo tira William Waack do ar, ainda não sabemos até quando.
O mundo inteiro está mais suscetível: coisas que há pouco tempo passariam como piadas de mau gosto hoje são consideradas ofensas pesadas. E empresa nenhuma quer ver sua marca associada a polêmicas.
No universo imediatista da internet, as respostas têm que ser cada vez mais instantâneas. E a Globo, sem a menor disposição para se envolver em um escândalo, foi rápida no gatilho.
Quem nos dera que esta ojeriza a manter figuras controversas em seus quadros não se restringisse à iniciativa privada.
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