Tony Goes

'Nudes' de Stênio Garcia são lindos, nós é que somos horríveis

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Existe uma variante moderna da famosa Lei de Murphy: se você tirou fotos íntimas, mais cedo ou mais tarde elas cairão em mãos erradas.

Que o diga Murilo Rosa. Ou Carolina Dickerman, que inspirou uma lei apelidada com seu nome. E agora, é claro, Stênio Garcia e sua mulher, Marilene Saade.

Os dois sofreram uma agressão terrível. Marilene disse até, em entrevista ao "UOL", que "vai acabar com a internet". Não vai, é óbvio, mas dá para entender como ela está se sentindo. Minha total solidariedade ao casal.

E também... minha admiração. Agora minha nova meta de vida é chegar aos 83 anos e ter um "nude" meu bombando nas redes sociais. Ainda bem que Stênio está tirando de letra essa confusão toda. Até sua lucidez é digna de elogios.

Crédito: Mastrangelo Reino - 8.jan.2010/Folhapress Stênio Garcia e Marilene Saade nos bastidores do Fashion Rio
Stênio Garcia e Marilene Saade nos bastidores do Fashion Rio

"A gente brinca mesmo como todo casal saudável e não tenho problemas com isso. Estava com a minha mulher e não com a mulher de outra pessoa. Que problema tem isso? Não tenho motivo para ter vergonha."

Não tem mesmo. E digo mais: tem mais é que ostentar. É também por isto que a maior parte dos comentários na rede são elogiosos ao ator.

Stênio Garcia está habituado com a nudez. Já apareceu pelado no teatro e no cinema, e sua idade meio que o coloca acima do bem e do mal. Mas sua mulher está lidando mal com a superexposição. Então eu digo para ela: relaxe você também, os dois estão batendo um bolão.

Isso não quer dizer que eles não devam correr atrás dos culpados. Ocorreu uma horrível invasão de privacidade, e quem a cometeu deve ir para a cadeia.

Mas talvez esse crime nem tivesse acontecido se os tempos que correm não fossem tão caretas. Chegamos ao ponto de achar que é pecado um casal casado transar. Julgamos os corpos dos outros como se os nossos fossem impecáveis. E nos comportamos feito moleques de treze anos tentando espionar o vestiário feminino.

Stênio e Marilene não merecem essa carga pesada. Pelo contrário: merecem aplausos e invejinha branca.

Também mereciam que a gente olhasse para o outro lado, mas alguém aí conseguiu? Eu não. Admito com pesar: sim, eu faço parte dos horríveis.

Tony Goes

Tony Goes (1960-2024) nasceu no Rio de Janeiro, mas viveu em São Paulo desde pequeno. Escreveu para várias séries de humor e programas de variedades, além de alguns longas-metragens. Ele também atualizava diariamente o blog que levava seu nome: tonygoes.com.br.

Final do conteúdo
  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Ver todos os comentários Comentar esta reportagem

Últimas Notícias