'Nudes' de Stênio Garcia são lindos, nós é que somos horríveis
Existe uma variante moderna da famosa Lei de Murphy: se você tirou fotos íntimas, mais cedo ou mais tarde elas cairão em mãos erradas.
Que o diga Murilo Rosa. Ou Carolina Dickerman, que inspirou uma lei apelidada com seu nome. E agora, é claro, Stênio Garcia e sua mulher, Marilene Saade.
Os dois sofreram uma agressão terrível. Marilene disse até, em entrevista ao "UOL", que "vai acabar com a internet". Não vai, é óbvio, mas dá para entender como ela está se sentindo. Minha total solidariedade ao casal.
E também... minha admiração. Agora minha nova meta de vida é chegar aos 83 anos e ter um "nude" meu bombando nas redes sociais. Ainda bem que Stênio está tirando de letra essa confusão toda. Até sua lucidez é digna de elogios.
"A gente brinca mesmo como todo casal saudável e não tenho problemas com isso. Estava com a minha mulher e não com a mulher de outra pessoa. Que problema tem isso? Não tenho motivo para ter vergonha."
Não tem mesmo. E digo mais: tem mais é que ostentar. É também por isto que a maior parte dos comentários na rede são elogiosos ao ator.
Stênio Garcia está habituado com a nudez. Já apareceu pelado no teatro e no cinema, e sua idade meio que o coloca acima do bem e do mal. Mas sua mulher está lidando mal com a superexposição. Então eu digo para ela: relaxe você também, os dois estão batendo um bolão.
Isso não quer dizer que eles não devam correr atrás dos culpados. Ocorreu uma horrível invasão de privacidade, e quem a cometeu deve ir para a cadeia.
Mas talvez esse crime nem tivesse acontecido se os tempos que correm não fossem tão caretas. Chegamos ao ponto de achar que é pecado um casal casado transar. Julgamos os corpos dos outros como se os nossos fossem impecáveis. E nos comportamos feito moleques de treze anos tentando espionar o vestiário feminino.
Stênio e Marilene não merecem essa carga pesada. Pelo contrário: merecem aplausos e invejinha branca.
Também mereciam que a gente olhasse para o outro lado, mas alguém aí conseguiu? Eu não. Admito com pesar: sim, eu faço parte dos horríveis.
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