Tony Goes

Entrada da Apple na TV on-line é mais um sinal de que os tempos estão mudando

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Enquanto que a TV por assinatura cresce aos trancos e barrancos no Brasil, nos Estados Unidos ela já começa a encolher.

O consumidor americano não quer mais pagar por canais a que não assiste. Cansou dos pacotes caríssimos impostos pelas operadoras, que juntam esportes, infantis e dezenas de emissoras "nichadas" num único embrulho.

Agora o espectador prefere a programação à la carte, que pode ser consumida a qualquer hora e em qualquer lugar. A proliferação dos smartphones e o advento de uma geração "que não vê TV" estão acelerando a velocidade da mudança.

"Não ver TV" não significa não ver conteúdo. Quer dizer não ver os canais tradicionais, com grade de programação e horários fixos. A demanda por séries continua em alta. Só que ninguém mais tem saco para assisti-las na hora e no dia determinados pela emissora.

O fenômeno ainda é incipiente no Brasil, mas vai causar um impacto enorme a médio prazo. Quando as classes mais baixas descobrirem que um serviço de VOD ("video on demand") custa menos que R$ 20 —uma fração do preço do mais barato dos pacotes de TV paga—, o caldo vai entornar.

A Apple anunciou esta semana que vai lançar nos Estados Unidos uma plataforma on-line de canais por assinatura por apenas US$ 69 mensais. O preço ainda parece salgado (são mais de R$ 200), mas a gigante da informática pretende atrair para este serviço as grandes redes de sinal aberto.

Ou seja, o público terá acesso aos programas da CBS ou da ABC como tem hoje aos filmes do Netflix. Cada espectador poderá montar sua grade particular com ainda mais opções do que já possui.

E assim vai mudando o paradigma do negócio da televisão, em vigor há mais de 60 anos. Explico: o produto da TV comercial não são os seus programas, é a sua audiência. É a atenção do público o que ela vende ao anunciante.


Nas novas plataformas, o produto passa a ser a programação em si. O tão falado conteúdo. E o cliente passa a ser o próprio espectador, que terá que pagar pelo que consumir.

Mas pagará quanto? Este é o "x" da questão. Sem o aporte da publicidade, alguns programas podem simplesmente ficar caros demais. Alguns canais "premium" de esporte já estão sendo oferecidos a preços exorbitantes nos Estados Unidos, se comprados individualmente.

Só que ninguém tem dúvida de que o mercado encontrará uma maneira de se adequar aos novos tempos. O dinheiro vai mudar de mãos, mas as engrenagens continuarão rodando.

Este processo ainda está começando. Como se dizia nos velhos tempos da TV, não saiam daí. Fiquem ligados.

Crédito: Reprodução Portal de streaming de vídeos da Amazon
Portal de streaming de vídeos da Amazon

Tony Goes

Tony Goes (1960-2024) nasceu no Rio de Janeiro, mas viveu em São Paulo desde pequeno. Escreveu para várias séries de humor e programas de variedades, além de alguns longas-metragens. Ele também atualizava diariamente o blog que levava seu nome: tonygoes.com.br.

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