"Me serve, vadia" de Nina para Carminha vira meme na internet
"Me serve, vadia". A frase bombou nas redes sociais e, antes mesmo do capítulo de "Avenida Brasil" terminar, já tinha se transformado num "meme" da internet, com direito até mesmo a variante do "Keep Calm".
Nina assume o comando e exige que Carminha sirva o jantar
Nina (Débora Fallabella) resolveu começar sua vingança contra Carminha (Adriana Esteves) invertendo os papéis. A ex-cozinheira humilhou a ex-patroa de todas as formas possíveis, obrigando-a até mesmo a esfregar o chão.
A mulher de Tufão (Murilo Benício) sempre tratou mal a criadagem, mas este está longe de ser o maior de seus pecados. Fez coisas muito piores para Nina/Rita do que gritar com ela. Foi meio estranho ver tanto ódio de classe aflorar nesse momento, já que o conflito entre as duas é bem mais complicado do que uma relação de trabalho mal-resolvida.
A troca de sinal entre ama e serviçal durou todo o episódio de terça e vai prosseguir no de quarta. Pode não ser o desenrolar mais coerente da trama, mas não há dúvidas de que fez sucesso. É disso que o povo gosta.
Se a vingança da empregada é o tema desta semana de "Avendia Brasil", em "Cheias de Charme" ela é praticamente toda a novela. Chayene (Cláudia Abreu) não suporta ver o sucesso de Rosário (Leandra Leal). A milionária falida Sônia (Alexandra Richter) passa pela suprema humilhação de ir a um restaurante de luxo e dar de cara com sua empregada Val (Dhu Moraes) usando um vestido idêntico ao seu.
Por que será que, de uma hora para a outra, os dois folhetins de maior sucesso da TV brasileira só têm um assunto? A explicação óbvia, mais uma vez, é a ascensão da "nova classe C". Dona de um inédito poder econômico e com horizontes cada vez mais amplos pela frente, a classe média emergente quer romper os laços de servidão que ainda a amarravam. E, pelo que se vê na telinha, com muito humor - e um toque de sadismo.
A rigor, o serviço doméstico é um trabalho como outro qualquer. Mas sabemos que na prática não é bem assim. Apesar dos avanços, ainda existem milhares de patroas como Carminha e Chayene por aí. E não há empregada que não tenha uma história de terror para contar.
No fundo, ainda não nos livramos do estigma da escravidão. O Brasil foi o último país ocidental a libertar seus escravos, às portas do século 20, e este fantasma nos persegue até hoje. Uma pessoa que "possui" outra e dispõe desta como quiser: eis o grande vilão do imaginário nacional.
Nos últimos anos, o próprio termo "empregada" virou politicamente incorreto. Hoje elas são "funcionárias", "assistentes", "secretárias do lar". A maioria já tem carteira assinada e poucas dormem no emprego, mas a profissão é considerada mais indigna do que outras que pagam até menos.
É por isto que as viradas de mesa têm tanta repercussão. Hoje Nina vai dormir na cama da patroa, abrindo um flanco inacreditável para um contra-ataque de Carminha. Mas que não vai acontecer tão cedo: ela vai saborear sua vingança por mais alguns dias, antes da próxima virada, e o Brasil também. Afinal, é disso que a gente gosta.
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