[an error occurred while processing this directive]
Tony Goes

Capítulo 100 de "Avenida Brasil" frustra um Brasil "congelado"

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Era para ter sido uma noite histórica. Não foi.

O frisson começou no dia anterior, quando algumas pessoas começaram a "congelar" suas fotos nas redes sociais, imitando o efeito de encerramento dos capítulos de "Avenida Brasil". Muitas celebridades aderiram, e no final da tarde de ontem o UOL publicou um tutorial ensinando como usar o Photoshop para conseguir o tal efeito.


Depois de tantas décadas acompanhando novelas, não me lembro de uma mobilização parecida para um único capítulo. Culpa da internet, claro. Uma amiga que mora nos Estados Unidos me avisou: os tuiteiros americanos estavam intrigados com aquele "hashtag" misterioso que liderava os TTs mundiais, "#100 Oi Oi Oi".

E aí o tão esperado capítulo 100 começou. Parecia final de Copa do Mundo. Minha sensação era de que o Brasil inteiro estava sintonizado no mesmo canal. Chegou a hora da virada!
Largou bem, com Nina conseguindo fotografar Carminha e Max em pleno furdunço. Depois de meses trabalhando na mansão do Divino e espionando pelas frestas, finalmente a cozinheira vingativa se lembrou de usar uma câmera.

O primeiro bloco foi curto, e o que é que veio depois dos comerciais? Cadinho e suas mulheres. Esse núcleo bizarro, totalmente descolado das outras tramas de "Avenida Brasil", nunca foi tão inoportuno.

A verdade é que nenhuma das histórias paralelas interessava na noite de ontem, mas os autores resolveram torturar o público. Roni e Suellen tiveram basicamente o mesmo papo em duas cenas diferentes. Darkson voltou a rebolar vestido de mulher na porta da loja, igualzinho ao que já havia feito no episódio de quarta. Encheção de linguiça como poucas vezes se viu.

A expectativa da audiência só se justificou no último bloco, quando Carminha pôs a cabecinha loura para funcionar e percebeu que Nina e Rita são a mesma pessoa. Adriana Esteves surpreendeu mais uma vez: quase que dava para ver a fumaça lhe saindo pelas ventas, tamanha a fúria que ela emprestou à personagem.

E aí, pronto, congelaram a Carminha e acabou-se. Mais, só amanhã. Nas redes sociais, as pessoas se perguntavam: mas foi só isto?

Foi. Nada que não tivesse aparecido nas chamadas. Nenhuma reviravolta bombástica. Chegou-se a especular que Nina seria desmascarada como a assassina de seus pais adotivos argentinos, que ela teria matado para se apoderar logo da herança. Mas não rolou absolutamente nada que todo mundo já não soubesse.

João Emanuel Carneiro e seus colaboradores desperdiçaram a oportunidade de fazer um capítulo estrondoso, que entrasse para o folclore da televisão brasileira. Talvez o façam no de hoje à noite, mas o "hype" foi todo em cima do de ontem. Os números do Ibope traduziram a decepção generalizada: "apenas" 40 pontos. Nem o próprio recorde da novela foi batido.

Mais uma vez, acho que a culpa foi da internet. Ou melhor, da equipe que produz "Avenida Brasil" e da própria emissora, que ainda não aprendeu a lidar com o ambiente virtual. Frustraram os espectadores, hoje também internautas. Porque ainda estão congelados no tempo em que só a TV ditava regras.

Crédito: João Miguel Júnior/Divulgação/TV Globo Carminha (Adriana Esteves) e Nina (Débora Falabella), em cena da novela
Carminha (Adriana Esteves) e Nina (Débora Falabella), em cena da novela

Tony Goes

Tony Goes (1960-2024) nasceu no Rio de Janeiro, mas viveu em São Paulo desde pequeno. Escreveu para várias séries de humor e programas de variedades, além de alguns longas-metragens. Ele também atualizava diariamente o blog que levava seu nome: tonygoes.com.br.

Final do conteúdo
  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Ver todos os comentários Comentar esta reportagem

Últimas Notícias