Tony Goes

Florence + the Machine, a rainha do Summer Soul Festival

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Faz tempo que passei da idade de gostar de show ao ar livre. Já dei minha cota de sacrifício: estive no gramado do Morumbi quando o Queen se apresentou pela primeira vez no Brasil, em 1981, e afundei as pernas na lama no Rock in Rio de 1985. Hoje em dia prefiro ver tudo em DVD ou encaro, no máximo, uma casa de fado.

Mas de vez em sempre abro exceção. Nos últimos anos, enfrentei a fúria dos elementos e da turba ensandencida para ver Madonna, Shakira e Amy Winehouse. Esta última fez um péssimo show no Summer Soul Festival do ano passado, mas que acabou entrando para a história por ter sido um dos últimos de sua curta carreira.

Não tinha planejado ir à versão 2012 do evento, mas topei na hora quando meu irmão me escalou para acompanhar minha sobrinha adolescente. Tanto ela como eu estávamos interessadíssimos em Florence + the Machine.

E ainda assim conseguimos perder o início do show. Impossível ficar no batente até as 8 da noite para depois atravessar a cidade e conseguir vaga a uns três quilômetros da Arena Anhembi. Estávamos estacionando quando Florence entrou no palco: para nossa aflição, dava para ouvi-la bem, mesmo à distância.

Crédito: Adriano Vizoni/Folhapress A cantora Florence durante apresentação no Summer Soul Festival, na Arena Anhembi, em São Paulo
A cantora Florence durante apresentação no Summer Soul Festival, na Arena Anhembi, em São Paulo

O resultado foi que perdemos as primeiras músicas, entre elas o "cover" de "You've Got the Love" e a homenagem à recém-falecida Etta James, "Something's Got a Hold on Me", cantada "acapella".

Mas chegamos a tempo dos hits "Shake it Out" e "Dog Days Are Over", e lavamos a alma. Florence Welch é das coisas mais originais e interessantes do pop atual. Quando surgiu, pensei que fosse uma espécie de Lady Gaga mais intelectualizada, mas a verdade é que seu som desafia os rótulos fáceis.

Ela tem um vozeirão poderoso, presença magnética em cena e perfeito domínio do público, que cantava quase todas as letras e obedecia quando ela pedia para bater palminhas. O vestido esvoaçante em tons amarelos e os detalhes em art déco do cenário, que lembravam os vitrais de uma igreja, contribuíam para o tom de estranheza, assim como a harpa no palco - que Florence consegue transformar num instrumento rock'n'roll.

Depois desse show magnífico ainda nos divertimos muito com Seu Jorge e Bruno Mars, mas a essa altura a noite já estava ganha. Agora quero ver Florence + The Machine sentadinho num teatro, com todo o conforto possível.

E agora, algumas fofoquinhas dos bastidores:
- Florence precisou pedir "emprestado" o maquiador da MTV, Fagner, que é sósia de James Franco. O rapaz inclusive já encarnou o ator em alguns programas das emissora. A cantora quase teve um enfarte quando o viu.
- Seu Jorge alterou a ordem das canções de seu set, para desespero dos gringos responsáveis pela luz e pelas projeções de fundo do palco. Mas o stress foi à toa: o show correu sem problemas.
- Por falta de patrocínio, não havia área VIP. Por isto, celebridades como Ashton Kutcher e Fernanda Motta se misturavam, na pista premium, às burguesinhas que acham que sabem sambar.

Adorei o Summer Soul Festival, mas espero não precisar tão cedo ver um show de pé e ao relento. Pelo menos, até que Adele venha ao Brasil.

Tony Goes

Tony Goes (1960-2024) nasceu no Rio de Janeiro, mas viveu em São Paulo desde pequeno. Escreveu para várias séries de humor e programas de variedades, além de alguns longas-metragens. Ele também atualizava diariamente o blog que levava seu nome: tonygoes.com.br.

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