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Thiago Stivaletti
Descrição de chapéu Televisão

'Beleza Fatal' tem exageros, mas vale acompanhar a saga da Carminha do botox

Sem medo de ser over, Camila Pitanga brilha como a vilã da primeira novela da Max, que mistura drama, comédia e erotismo em boas doses

A vilã Lola, interpretada por Camila Pitanga - Pivô Audiovisual
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Histórias de vingança são um clássico das novelas. De "Fera Radical" a "O Outro Lado do Paraíso", se o espectador sofre a injustiça ao lado da mocinha, isso é uma boa garantia de fidelidade ao longo de muitos capítulos até que a revanche se complete.

É nessa seara que joga "Beleza Fatal", a quarta novela brasileira no streaming, que estreia nesta segunda na Max —as outras foram "Verdades Secretas 2" e "Todas as Flores" (Globoplay) e "Pedaço de Mim" (Netflix).

Pude ver os dez primeiros capítulos da nova novela, de um total de 40 que vão estrear ao longo de dois meses. Algo deve saltar aos olhos dos noveleiros que derem uma chance à vingança de Sofia (Camila Queiroz) contra sua tia, a rainha da beleza e influenciadora Lola (Camila Pitanga): tudo lembra demais a trama de "Avenida Brasil".

Assim como Nina, Sofia fica órfã por conta das maldades de uma pessoa da própria família. Anos depois, retorna adulta e com nova identidade para se infiltrar na casa da vilã e arquitetar sua lenta vingança. Ela também vai reacender uma paixão de infância pelo filho da vilã, o policial bonitão Gabriel (Romaní), que por sua vez despreza o jeito de ser da mãe —igual Jorginho fazia com Carminha.

Bem como a vilã icônica de Adriana Esteves, Lola aposta alto na aparência de mulher perfeita e generosa para esconder suas atrocidades. Diante de tal semelhança, só resta ao espectador dois caminhos: desprezar a proposta e cair fora, ou acionar o botão de nostalgia da última novela que ganhou o Brasil. Se optar por dar esse crédito, terá boas recompensas.

O grande acerto do autor, Raphael Montes, é ambientar sua vingança num universo que estava merecendo espaço nos folhetins. Desde 2004, quando a Record exibiu a fracassada "Metamorphoses", multiplicou-se a obsessão dos brasileiros por botox, preenchimentos e cirurgias estéticas de todo tipo. Assim, "Beleza Fatal" estreia com o timing a seu favor.

E como novela não é só roteiro, mas principalmente elenco, é a trinca de protagonistas quem garante o maior interesse. Sem medo de se jogar no total exagero, Camila Pitanga encontra outro belo personagem depois da Bebel de "Paraíso Tropical" –nem precisava citar frases que fizeram a fama de sua garota de programa nas redes.

Camila Queiroz segura bem as cenas mais tensas de Sofia. E Giovanna Antonelli encontra um personagem que ainda não tinha feito depois de décadas de Globo —a da mãe batalhadora do povo, Elvira, que acolhe Sofia ainda criança.

Entre os homens, Marcelo Serrado dosa bem o humor e a vilania de seu Rog, ou Doutor Peitão, cirurgião de qualidade duvidosa inspirado no Doutor Hollywood. Figura perigosa, ele ainda promove um intenso gaslighting (manipulação psicológica) na mulher, Gisela, figura frágil que lembra a Heleninha Roitman de "Vale Tudo".

Mas que não se esperem grandes sutilezas da novela da Max. A direção de Maria de Medicis imprime cores fortes nos figurinos, nas atuações e nos cenários como a casa de Átila Argento (Herson Capri), o cirurgião à moda antiga que despreza as redes sociais, mas não deixa de ostentar velhos preconceitos e se recusa a operar uma mulher trans.

Se "Avenida Brasil" é a primeira referência, dá para pensar também em "Verdades Secretas" quando os personagens frequentam o secreto Clube do Sim, um espaço destinado à realização das fantasias sexuais dos personagens. Nesse terreno, a novela traz uma grata surpresa: depois de anos de corpos femininos explorados na TV, desta vez são os homens como Benjamin (Caio Blat) que botam a nudez pra jogo.

E para dar mais peso ao projeto, "Beleza Fatal" desfila uma bela lista de participações especiais, com celebridades antigas e novas, de Isadora Ribeiro a Valesca Popozuda e Hugo Gloss.

Ao final, a Max entrega um produto que mistura elementos de novela das nove, das onze e das sete da Globo, numa receita equilibrada de drama, comédia e erotismo. E uma história enxuta e sem barriga como querem as pacientes que frequentam as clínicas da novela. Não é difícil viciar.

Beleza Fatal

Estreia nesta segunda (27) na Max

Cinco novos capítulos por semana; total de 40 capítulos

Thiago Stivaletti

Thiago Stivaletti é jornalista e crítico de cinema, TV e streaming. Foi repórter na Folha de S.Paulo e colunista do UOL. Como roteirista, escreveu para o Vídeo Show (Globo) e o TVZ (Multishow).

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