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Thiago Stivaletti
Descrição de chapéu Globo de Ouro

Após três horas de agonia, vitória de Fernanda fez o Brasil gritar como em final da Copa

Prêmio já torna praticamente certa a indicação ao Oscar, cuja festa será em pleno Carnaval; em caso de vitória, poderemos comemorar nos blocos

Fernanda Torres posa com seu troféu no Globo de Ouro - Mario Anzuoni/Reuters
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São Paulo

"Você viu a Fernanda Torres? Totalmente premiada!"

É sempre uma maratona cansativa acompanhar premiações como o Globo de Ouro e o Oscar, com mais de três horas e mais de dez intervalos imensos. Mas a espera desta vez valeu a pena. Nem a própria Fernanda acreditava, mas ela levou a melhor sobre Angelina Jolie, Nicole Kidman, Kate Winslet.

Atuando em português, ela venceu algumas das maiores estrelas de Hollywood numa das categorias mais fortes do ano. Isso depois de ser ignorada pelos câmeras da festa, só aparecendo por pouco mais de dois segundos na hora do anúncio dos indicados.

O Twitter explodiu em festa, fãs gritaram na sala de casa e acordaram os pais, avós e irmãos que já dormiam às 0h50 da madrugada. Foi um grito de final de Copa do Mundo, aquele gol miraculoso marcado aos 40 do segundo tempo. Uma hora e quarenta minutos antes, já tínhamos tomado o primeiro gol: o favorito "Emilia Perez" tirou o prêmio de filme estrangeiro de "Ainda Estou Aqui".

E no entanto, Fernanda venceu. Subiu ao palco e recebeu seu Globo de Ouro de ninguém menos que Viola Davis. Mesmo um pouco nervosa, fez um discurso impecável, em que dedicou o prêmio à sua mãe, que subiu naquele palco 26 anos antes, para receber o prêmio de filme estrangeiro, a "Central do Brasil". E lembrou como a história de Eunice Paiva ajuda a sobreviver num mundo cheio de medo.

Na internet, os fãs botavam a mesma pressão que fizeram na foto do baile de gala publicado pela Academia de Hollywood semanas atrás. Só na foto que o Globo de Ouro publicou dela, foram mais de 105 mil curtidas e 26 mil comentários.

A torcida ainda transbordava para todas as outras fotos publicadas. Como o povo não tem limites, havia até uma boa quantidade de ameaça de quebra-quebra (sim, à distância) do hotel em que rolou a cerimônia caso ela perdesse.

O Globo de Ouro para Fernanda torna praticamente certa a indicação ao Oscar –e autoriza a torcida a se renovar até o dia 2 de março, dia da cerimônia– que (atenção) rolará em pleno Carnaval; em caso de vitória, os blocos pegarão fogo.

E o resto do Globo de Ouro?


Diante de Fernanda, o resto se tornou realmente o resto. Mas vamos lá: a mestre de cerimônias, a comediante Nikki Glaser, não fez feio, mas também não arrancou grandes risos da plateia.

Ela gastou o seu cartucho de piadas mais afiadas logo no início, ao atacar "Coringa – Delírio a Dois", "Duna – Parte II" e zoar com Keith Urban, o marido de Nicole Kidman ("continue tocando sua guitarra em casa, assim a Nicole quer sair e trabalhar mais").

Foi lindo ver Demi Moore vencer em comédia ou musical por "A Substância" –o que a coloca como maior concorrente da nossa diva no Oscar. Demi fez um dos discursos mais emocionantes da noite ao lembrar que uma agente a rotulou de "atriz pipoca" (só para filmes comerciais) e dizer que este foi o primeiro prêmio que ganhou em mais de 30 anos de carreira.

"Emilia Perez" repetiu o feito de "Parasita" no Oscar ao levar os prêmios de Melhor Filme (Comédia ou Musical) e Filme Estrangeiro, além do troféu de atriz coadjuvante para Zoe Saldaña. Diretor do filme, o francês Jacques Audiard pagou o mico de não saber uma palavra de inglês e precisar de tradutora.

"O Brutalista", um filme difícil de quatro horas de duração sobre um arquiteto húngaro imigrante nos Estados Unidos, ficou com outros três prêmios nobres: Filme – Drama, Diretor (Brady Corbet) e Ator (Adrien Brody).

Em séries, a noite foi de "Shogum", um épico japonês ambientado no século 16 que levou os principais prêmios da noite: Série – Drama e três de seus atores: Hiroyuki Sanada, Anna Sawai e Tadanobu Asano.

"Bebê Rena", a série mais querida do ano passado, venceu como Melhor Minissérie e atriz para Jessica Gunning, a stalkeadora implacável. Pena que Richard Gadd perdeu o de melhor ator –mas foi por uma boa causa, o Pinguim de Colin Farrell, irreconhecível debaixo de quilos de maquiagem. E "Hacks" levou os prêmios de sempre: Série – Comédia e atriz para Jean Smart.

Mas esqueça os cinco últimos parágrafos. O importante é que uma atriz brasileira, falando português, deu uma surra na cara de Hollywood ontem. Que orgulho da Fernanda. E que orgulho do cinema brasileiro.

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O diretor francês ​​Jacques Audiard não venceu o Globo de Ouro na categoria Melhor Direção. O texto foi corrigido

Thiago Stivaletti

Thiago Stivaletti é jornalista e crítico de cinema, TV e streaming. Foi repórter na Folha de S.Paulo e colunista do UOL. Como roteirista, escreveu para o Vídeo Show (Globo) e o TVZ (Multishow).

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