A deliciosa volta por cima de Cissa Guimarães
Depois de anos perdida na Globo, neste ano ela se encontrou como apresentadora do Sem Censura, em que os convidados ficam mais à vontade que num bar em Botafogo
Tem pessoas que a gente ama uma boa parte da vida sem saber que ama. Até que um dia a ficha cai. Nunca parei muito para pensar o que achava da Cissa Guimarães —até que um dia, lá por 2001, ela parou de fazer matérias e emprestar sua voz deliciosa para as locuções do "Vídeo Show".
Aos poucos, a falta daquela voz dizendo todo dia "Há 20 anos... di-reto do tú-nel do tem-po!" foi deixando um imenso vazio. Hoje, acho até que a voz, o sorriso e a presença deliciosa de Cissa (que aliás, se chama Beatriz, sabia?) foram a identidade do programa até mais do que o Falabella.
Depois de alguns bons papéis em novelas da Glória Perez –ela foi a sofrida mãe de um adolescente viciado em "O Clone"–, Cissa foi ficando meio sem função na Globo. Em 2010, o Brasil inteiro sofreu junto com ela a perda do filho Rafael, morto em um atropelamento estúpido num túnel da Gávea, no Rio.
A partir de 2015, ela integrou o pelotão de apresentadores do "É de Casa", mas era tanta gente falando ao mesmo tempo que não havia muito espaço para ela. Até que em 2021 a Globo encerrou seu contrato.
Poderia ter sido o fim da carreira da garota que quebra o coco mas não arrebenta a sapucaia, na expressão criada pelo amigo Falabella. Mais eis que, este ano, Cissa reapareceu num lugar que a gente nem desconfiava, mas foi feito para o seu carisma: o de apresentadora do programa de entrevistas "Sem Censura", da TV Brasil, uma instituição carioca desde 1985, que ficou mais conhecido pela fase comandada por Leda Nagle.
Basta Cissa sorrir ou gargalhar no centro da bancada que seus convidados se põem a contar histórias saborosas, como se estivessem no divã da psicanalista. É como se estivessem todos num boteco de Botafogo, num papo regado a muita cerveja —pena que o álcool não é permitido ali.
Amaury Lorenzo, galã de "Volta por Cima" e "Terra e Paixão", pediu desculpas porque andava muito cansado, "trabalhando muito e transando pouco". O padre Fábio de Mello revelou que tem uma fã stalkeadora no nível Bebê Rena, que se plantava na porta da casa dele jurando que ele estava apaixonado por ela –o caso foi parar na polícia.
Rodrigo Santoro dividiu o programa com um colega de cinema, o cachorro da família Paiva no filme "Ainda Estou Aqui", que passeava pela bancada enquanto ele e os outros convidados falavam.
E Gilda Mattoso, empresária e assessora de imprensa dos grandes da MPB, contou do dia em que conheceu Maria Bethânia e comeu miniacarajés que estavam na sala da cantora achando que eram para ela. De repente, Bethânia surgiu na sala com cara de espanto, pois os quitutes eram oferenda pra Iansã.
Por essas e outras, recomendo vivamente: visite o canal da TV Brasil e escolha qualquer programa com Cissa para ouvir histórias divertidas. Que delícia ver que a nossa garota continua quebrando o coco sem arrebentar a sapucaia.
Comentários
Ver todos os comentários