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Thiago Stivaletti
Descrição de chapéu violência São Paulo

Filme do Maníaco do Parque só se salva pela atuação de Silvero Pereira

Longa que encerrou o Festival do Rio sobre o famoso serial killer estreia nesta sexta (18) no Prime Video

Dois homens lado a lado
O ator Silvero Pereira interpreta Francisco de Assis Pereira, conhecido como maníaco do parque, em filme - Folhapress
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São Paulo

Não é só nos EUA que o gênero "true crime" reina no streaming. Depois do sucesso dos três filmes sobre Suzane von Richthofen, o Prime Video estreia nesta sexta (18) o aguardado "Maníaco do Parque", que relembra um dos maiores serial killers dos anos 90, condenado por atacar 23 mulheres e assassinar dez delas no Parque do Estado em São Paulo. O filme ganhou uma sessão especial de encerramento no Festival do Rio no último sábado (12).

Silvero Pereira entrega uma bela performance como o motoboy psicopata, com uma presença soturna e assustadora. Pena que o filme fique bastante a dever ao seu trabalho. Em vez de construir um suspense em torno dos crimes de Francisco de Assis Pereira, ele já mostra nos primeiros minutos o seu primeiro crime. Isso logo depois de abrir numa sequência duvidosa, em que Francisco anda feliz de patins pelas ruas de São Paulo, ao som de um rock vibrante.

As intenções do filme são até claras e parecem ter saído de reuniões dos produtores com os executivos da plataforma: em vez de dar ênfase ao maníaco, a proposta é destacar as vítimas que foram brutalmente assassinadas, numa leitura feminista.

Para isso, o roteiro elege como protagonista a repórter Elena (Giovanna Grigio), que trabalha no extinto Notícias Populares, o primeiro veículo a cobrir o caso.

Mapa dos crimes

Elena é uma novata que tenta provar seu talento numa redação completamente dominada por homens, como o intragável Zico (Bruno Garcia) e o chefe durão Vicente (Marco Pigossi). É a velha fórmula do filme policial, em que um repórter sem experiência consegue os maiores furos de um caso sinistro.

Para não deixar dúvida, temos até o bom e velho mapa da investigação colado na parede do apartamento em que Elena vive, com fotos das vítimas, desenhos e flechas conectando as pistas.

Na paralela, Francisco é mostrado como o motoboy mais eficiente da sua empresa, conquistando a confiança do chefe (Xamã). As cenas em que convence as vítimas dizendo ser um fotógrafo atrás de uma bela modelo são pouco exploradas e logo deixadas de lado.

A irmã de Elena, a psicanalista Martha (Mel Lisboa), diz todos os chavões que já vimos sobre o que é um psicopata: um ser frio, que não sente emoção nem culpa, cujo coração não bate mais rápido ao matar suas vítimas etc.

Em alguns momentos, "Maníaco do Parque" até relembra que o caso do serial killer tomou de assalto toda a mídia, de jornais e revistas a programas policiais e o Fantástico –quem se lembra de Gilberto Barros, o Leão, que vociferava na Record muito antes do Datena? Por isso, é preciso uma certa fé para acreditar que Elena consegue sozinha os principais furos do caso mesmo quando a Globo já tinha uma equipe grande na cobertura.

Mas o problema maior é a impressão de que já vimos esse filme muitas vezes –no cinema, na TV e no streaming.

"Maníaco do Parque"
Estreia nesta sexta (18), no Prime Video

Thiago Stivaletti

Thiago Stivaletti é jornalista e crítico de cinema, TV e streaming. Foi repórter na Folha de S.Paulo e colunista do UOL. Como roteirista, escreveu para o Vídeo Show (Globo) e o TVZ (Multishow).

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