Thiago Stivaletti

Regina Casé é o novo Chacrinha?

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No último domingo estava tomando café da manhã (da tarde, na verdade) na padaria da esquina quando fui tragado pela TV, que passava o "Esquenta", o samba na laje da Regina Casé.

Para quem não sabe, o "Esquenta" é o programa da Globo mais feito sob medida para agradar uma suposta classe C... e D... e E do país. Reúne sambistas e funkeiros do Rio, rappers de São Paulo, pagodeiros do Rio e de São Paulo, mais um punhado de atores globais que ou bem entram na loucura da coisa, ou passam o programa todo com cara de constrangidos.

A energia do programa é tão louca que nunca dá pra saber onde a coisa vai parar. Daí lembrei que um amigo comentou outro dia: "A Regina tá virando uma coisa meio Chacrinha". Faz todo o sentido. O que Regina faz hoje ali não está muito longe dos abacaxis e mandiocas que o Velho Guerreiro atirava para plateia sem o mínimo medo de quebrar a cabeça de alguém.

A cena que me chamou a atenção: Klebber Toledo —o loirinho sarado que faz o namorado do José Mayer em "Império"—, estava, lá dando uma inocente entrevista. Até que ele comentou que gostava de jogar vôlei. "Ah, você gosta de vôlei?! Gente, traz uma rede aí então!". Como num passe de mágica, graças aos truques de edição, uma rede surgiu em pleno palco. Klebber, Mumuzinho, Leandro Firmino e mais um convidado tiram a camisa e começam a jogar vôlei.

Para legitimar a loucura toda, Preta Gil lembra Marina Lima e canta: "Vem chegando ooo verããããão, um calor no coooraçãããão..." As meninas da plateia começam a gritar enlouquecidas. Regina propõe: "o Klebber suou um pouco! Quem quer vir enxugar ele?!" Uma fã faz o serviço, feliz da vida. Ao final, Regina põe uma música e os rapazes desnudos, já meio com pinta de go-go boys, se põem a "dançar sensualmente".

O tema escolhido neste domingo - não tente entender por quê - era a Grécia. Umas colunas gregas foram postas ao fundo. Cada convidado anunciado tinha que ir ao centro da roda e quebrar um prato (what the hell?!). Para fazer o link da Grécia com o povão, mais tarde Regina entrevista um vendedor de churrasquinho... grego. Depois, meninas da plateia falam dos romances que tiveram com gregos.


Outras atrações do dia: era aniversário do sambista Arlindo Cruz, participante fixo do programa. Entra um bolo gigante e cafona, entre o branco e o dourado. De repente, a mulher do Arlindo sai de dentro do bolo para lhe cantar parabéns —no maior estilo Marilyn Monroe de Madureira.

No terreno do axé baiano, Reinaldo, vocalista do Terra Samba, se despede do grupo depois de 20 anos, não sem antes fazer a alegria de todos ao relembrar as sensacionais "Carrinho de Mão" e "Liberar Geral". Entre se constranger ou entrar na dança, Preta Gil e Carolina Dieckmann quebraram pratos, enxugaram os bofes, cantaram.

Enfim, é aquele delírio absoluto que Chacrinha comandava como ninguém, tocando a buzina, passando a mão de leve nas chacretes —que passavam horas na pole dance muito antes desse termo existir— e que não deixava outra alternativa aos convidados a não ser entrar na loucura. Boa sorte, Regina. A gente estava mesmo com saudade do Abelardo Barbosa.

'Rebu' cumpriu e prometeu

[Spoiler, mas agora pode] Vamos combinar que foi bem boa a revelação final de "O Rebu". Quando a Duda (Sophie Charlotte) foi "revelada" como a assassina na quinta, já deu para imaginar que uma nova surpresa viria no último capítulo. E a cena da Angela (Patrícia Pillar) hesitando antes de diminuir a temperatura do freezer, ouvindo os gritos desesperados do Bruno (Daniel de Oliveira) trancado, foi bem forte.

Para coroar, nada como voltar àquele primeiro plano-sequência da novela, com o elenco todo se matando de dançar na pista.

Ouvi muita gente reclamando que "O Rebu" não se decidiu entre ser uma série ou uma novela —com tramas paralelas meio chatas, como os filhos da Gilda (Cássia Kiss) e as pirações do jornalista Osvaldo (Julio Andrade). Mas talvez seja isso mesmo. A Globo tem que investir nesses híbridos para juntar a qualidade das séries americanas com o que sabe fazer melhor.


Thiago Stivaletti

Thiago Stivaletti é jornalista, crítico de cinema e noveleiro alucinado. Trabalhou no "TV Folha", o extinto caderno de TV da Folha, e na página de Televisão do UOL. Viciou-se em novela aos sete anos de idade, quando sua mãe professora ia trabalhar à noite e o deixava na frente da TV assistindo a uma das melhores novelas de todos os tempos, "Roque Santeiro". Desde então, não parou mais. Mesmo quando não acompanha diariamente uma novela, sabe por osmose todo o elenco e tudo o que está se passando.

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