No Dia da Mentira, celebre a comida de verdade com uma feijoada falsa
Versão simplificada do prato brasileiro leva só dois tipos de carne
Versão simplificada do prato brasileiro leva só dois tipos de carne
O termo "comida de verdade" está em alta há alguns anos. Mas que raio quer dizer isso? Na acepção mais ampla, alimentos livres de processamento industrial e sem aditivos químicos. Para muitos brasileiros, porém, comida de verdade envolve necessariamente os dois elementos basilares da nossa alimentação: arroz e feijão.
É comum você ouvir fulano ou sicrano dizer que tem vontade de "comer comida". Nesse caso, hambúrguer não é comida. Sushi não é comida. Pastel não é comida. Comida é arroz, feijão, alguma mistura e talvez farofa, salada e outros parangolés.
Se comida é arroz com feijão, feijoada é comida para caramba. Pena que seja algo tão chato de fazer. Mas a gente pode dar um jeitinho de resolver isso aí. Hoje, no primeiro de abril, vamos fazer uma feijoadinha falsa –mas que não deixa de ser comida de verdade. Uma brincadeira com o Dia da Mentira –e um modo de simplificar o preparo da feijoada, sem perder sua essência.
Minha feijoada falsa leva só duas carnes: linguiça e barriga de porco. Você escolhe se as quer frescas ou defumadas –vai do sabor que você procura para o seu feijão. Dá para mudar o mix de carnes ao seu gosto, acrescentando charque, costelinha, rabo, focinho, o que bem entender. Mas aí você corre o risco de transformar a feijoadinha de araque numa feijoada completa, que dá muito mais trabalho.
Eu evitei as carnes salgadas porque elas precisam ficar de molho na noite anterior. Aliás, o grande lance de pertences como orelha, pé e rabo é a gelatina que eles soltam no cozimento, coisa que engrossa o caldo.
É fácil hackear esse efeito. Compre barriga ou bacon com couro, aí cozinhe a pele na pressão antes de colocar o feijão na panela. Bata esse caldo no mixer ou liquidificador e voilà, gelatina! A pressão é uma grande aliada para reduzir o tempo de preparo. Ela permite que você cozinhe o feijão razoavelmente rápido sem tê-lo posto de molho um dia antes.
Além de encurtar o tempo de preparo e simplificar procedimentos, a feijoadinha fajuta permite fazer comida em quantidades razoáveis para quem mora só ou não quer guardar duzentos potes de sobras no congelador. Calculei a receita para três ou quatro refeições.
Como acompanhamento, troquei a couve refogada por uma saladinha de couve crua surrupiada da Janaína Rueda, do Bar da Dona Onça. No lugar da laranja, gomos de mexerica: ideia afanada da feijoada meio japonesa que o Renato Yada serve no bar Izakayada.
Rendimento: 3 a 4 porções
Dificuldade: média
Ingredientes
100 g de barriga de porco ou bacon com pele
2 cebolas
6 dentes de alho
200 g de feijão preto
2 folhas de louro
1 gomo grande (ou 2 pequenos) de linguiça fresca (toscana, calabresa) ou defumada (calabresa, portuguesa, paio)
Sal a gosto
Para servir: arroz branco, farofa, gomos de mexerica e couve crua temperada com sal, limão e azeite.
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