Globo rejeita pagar 'último salário' de Gilberto Braga e revolta viúvo do novelista
Em celeuma judicial com emissora, Edgar Moura Brasil exige cumprimento de contrato do autor
A Globo decidiu não pagar de forma amigável um valor de R$ 290 mil cobrado pelo viúvo do autor Gilberto Braga (1945-2021), o decorador Edgar Moura Brasil. Ele alega que a emissora não cumpriu o último mês de acordo com o escritor antes de sua morte.
Procuradas, nenhuma das partes respondeu aos contatos da coluna, que, no entanto, teve acesso aos documentos da nova manifestação da emissora. Segundo a Globo, a cobrança tem dois problemas. O primeiro é que se trata, segundo a emissora, de um pedido irreal e excessivo de sua parte.
"Muito embora não tenha ocorrido qualquer inadimplemento contratual por parte da Globo, não sendo devida a remuneração pleiteada pelo autor do processo, em atenção ao princípio da eventualidade, merece ser destacado que, caso se justificasse o pagamento da verba pleiteada, o valor não seria aquele apontado na inicial", diz a emissora na ação.
Segundo a Globo, Gilberto Braga recebia R$ 200 mil por mês em seus últimos meses e não havia qualquer possibilidade de o valor subir em quase R$ 100 mil, como alega seu viúvo. Os juros previstos em contratos não foram os alegados por Edgar.
Além disso, segundo a empresa, todos os valores pagos em contrato foram cumpridos. Em dezembro de 2021, Gilberto já não estava mais vivo, o que impedia qualquer tipo de pagamento.
Por meio de seus advogados, Edgar Moura Brasil contestou a posição da Globo. Para ele, a emissora confirmou em sua manifestação que está com pendências.
"A Globo confessa que efetuou o pagamento de todas as parcelas, com exceção apenas da parcela com vencimento em 08/12/2021. Diante disso, questiona-se: qual serviço não teria sido prestado capaz de justificar a retenção do pagamento da última parcela? Qual reunião artística ocorreu no período que a Autora deveria ter participado e não participou? Houve convocação? Cadê a prova?", questionaram os advogados do decorador.
Uma nova audiência de instrução entre as partes, que deve decidir qual o destino da ação movida por Edgar Moura contra a Globo, ficou marcada para janeiro de 2025 na Justiça do Rio de Janeiro.
RELEMBRE O CASO
A ação corre na 34ª Vara Cível do TJ-RJ (Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro). Nela, Edgar diz que é o responsável e um dos sócios pela GT Produções Artísticas Ltda., criada por Gilberto Braga para assinar contratos com a Globo.
No processo, o viúvo diz que tentou entrar em contato com a emissora e que, através de seus advogados, pediu que ela seja obrigada na Justiça a apresentar os acordos firmados com o marido. A GT alega que o objetivo de obter as informações seria para preservar "direitos patrimoniais e morais" do autor.
Por sua parte, a Globo diz que não tem mais compromissos judiciais com pessoas ligadas a Gilberto Braga.
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