Miss Universo comparece à posse de Trump e gera controvérsia entre fãs do setor
Presença mostra que o concurso ganhou relevância ou há mais mudanças à vista? Presidente americano foi dono da Miss Universe Organization por 19 anos e causou polêmicas
A presença da atual Miss Universo 2024, a dinamarquesa Victoria Kjaer Theilvig, 21, na cerimônia de posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos não passou despercebida. Desde que surgiram os boatos da possibilidade de ela comparecer ao evento, que aconteceu em Washington D.C. nesta segunda (20), os fãs já começaram a debater o tema e apontar algumas polêmicas.
Embora não seja incomum que vencedoras do Miss Universo participem de ocasiões de relevância política ou social, o contexto específico da posse de Trump carrega um simbolismo que divide opiniões: de um lado, admiradores consideram que a presença da miss reforça a relevância da plataforma que ela representa em escala global, mantendo o concurso conectado a eventos de alto nível.
Do outro lado, há quem veja a participação como um gesto controverso, dado o histórico polarizador de Trump em questões sociais, políticas e feministas.
Fato intrigante sobre a presença de Victoria no evento tem relação com os posicionamentos abertamente transfóbicos de Trump, uma vez que uma das atuais donas do Miss Universo é a empresária tailandesa Anne Jakrajutatip, uma mulher transgênero. Outro ponto que chama atenção é o posicionamento de Trump sobre comprar ou anexar a Groenlândia, que atualmente é território da Dinamarca –país natal de Victoria Kjaer.
A relação entre Donald Trump e o universo miss é antiga e amplamente conhecida. Trump foi dono da Miss Universe Organization por quase duas décadas, entre 1996 e 2015, período em que o concurso ganhou maior notoriedade, mas também foi alvo de polêmicas. Sua influência na competição e na maneira como as misses eram apresentadas ao mundo permanece um tópico sensível entre os fãs, que frequentemente associam a chamada "era Trump" a um modelo de glamour tradicional, mas também controverso.
Vale lembrar, o empresário foi forçado a abrir mão da marca em 2015, por conta de declarações polêmicas dadas após tornar-se pré-candidato à presidência dos EUA. À época, ele disse que mexicanos "trazem drogas, trazem o crime, são estupradores", provocando uma onda de boicote de franqueados latinos do concurso —começando pelo México— que se recusaram a enviar candidatas para a edição de 2015.
As emissoras de televisão NBC e Univisión, que por muitos anos transmitiram o evento ao vivo para todo o mundo, encerraram a parceria. Ao mesmo tempo, a venezuelana Alicia Machado, Miss Universo 1996, passou a dar entrevistas narrando sua experiência traumática de reinado, com episódios em que Trump a chamada de "miss porquinha" em público.
A presença de Victoria na cerimônia, portanto, é um lembrete do impacto cultural e simbólico que as misses carregam, especialmente em tempos de polarização. Em um mundo cada vez mais atento às mensagens por trás de cada aparição pública, a presença de uma rainha da beleza em um evento dessa magnitude não é vista apenas como um ato de representação, mas também como uma declaração e posicionamento —mesmo que involuntária.
Chama atenção ainda que a confirmação oficial da presença da miss na posse foi feita com extrema cautela, uma vez que só aconteceu na madrugada desta terça (21), quando o concurso publicou em suas redes sociais oficiais fotos de Victoria no espaço onde aconteceu a posse.
"Nossa Miss Universo na cerimônia de posse de Donald Trump, ex-proprietário da Miss Universe Organization de 1996 a 2015", disse a legenda das fotos, onde a jovem aparece vestida com um elegante traje rosa claro, cabelo preso, sem faixa e coroa, em um assento superior do estádio.
Além de ser a primeira dinamarquesa a vencer o título desde 1952, Victoria é também a primeira europeia no trono desde 2016 —antes dela, venceu a francesa Iris Mittenaere. Ela é também a primeira loira coroada desde 2004, quando venceu a australiana Jennifer Hawkings, eleita ainda na "era Trump". Natural de Soborg, no sul da Dinamarca, a modelo é também bailarina e ativista e luta pela causa animal. Na coletiva de imprensa pós coroação, ela afirmou que pretende usar sua voz para dar visibilidade a minorias.
Resta saber agora se a presença de Victoria Kjaer no evento traz consigo mais alguma mudança no futuro do Miss Universo, como uma reaproximação de Trump ou, até mesmo, uma possível saída de Jakrajutatip da organização do certame.
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