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Zapping - Cristina Padiglione

Caso Altamira: absolvida em julgamento de garotos emasculados fala a podcast

Valentina de Andrade conversa com Ivan Mizanzuk sobre crimes ocorridos no Pará nos anos 1990

Entre 1989 e 1993, vários garotos foram mortos em Altamira (PA), tendo seus órgãos genitais cortados - Reprodução/YouTube
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São Paulo

Uma das acusadas no caso dos meninos emasculados em Altamira (PA), entre 1989 e 1993, e absolvida dos crimes, Valentina de Andrade falou pela primeira vez sobre o assunto após anos de silêncio, ao podcast de Ivan Mizanzuk sobre o caso na 5ª temporada do Projetos Humanos.

Iniciativa do Globoplay e disponível também em outras plataformas de áudio, a produção chegou ao 25º episódio na quinta-feira, 29, e soma três horas de uma grande compilação das conversas que Mizanzuk manteve com Valentina e pessoas ligadas a ela. O material foi editado a partir de mais de dez horas de depoimentos.

Mesmo relacionada ao caso dos meninos emasculados, que chocou o país, Valentina nunca compartilhou publicamente antes as suas reflexões, dores e afetos com tanta intimidade, atesta o criador e apresentador do podcast. Mizanzuk, que ganhou crédito no assunto desde o Caso Evandro, também produzido por ele.

"As conversas começaram em junho de 2021 e, devido à pandemia, foram feitas por telefone", conta.

Apesar de diversos problemas de saúde, aos 90 anos de idade Valentina transmitiu suas ideias com clareza e lucidez ao abordar a difícil infância em Carazinho, no Rio Grande do Sul, onde nasceu, e relembra variados momentos de sua vida, passando pelos diversos casamentos, os primeiros contatos com o mundo espiritual e os eventos que a intitularam de profetisa do LUS, movimento fundado na década de 1980 na Argentina.

Segundo Mizanzuk, a personagem aborda com profundidade as principais ideias e atividades promovidas pela organização, informações que serão ouvidas pela primeira vez.

Valentina de Andrade foi uma das acusadas no caso dos Meninos Emasculados de Altamira - série de crimes ocorridos entre 1989 e 1993, no Pará. Diferentemente dos outros quatro suspeitos, que acabaram condenados nos julgamentos de 2003, ela foi a única a ser absolvida em júri naquele ano.

No julgamento, considerado o mais longo da história do Pará (17 dias), a principal testemunha de acusação contra a líder do LUS, um homem chamado Edmilson Frazão, apresentou várias contradições em seu depoimento. Ele alegava ter presenciado um "ritual macabro" conduzido por Valentina e os demais acusados na época dos crimes.

Todos os suspeitos sempre negaram as acusações. Em um de seus depoimentos, Edmilson chegou a afirmar que estava inventando tudo por pressão da Polícia Federal.

Antes disso, o LUS entrou na mira da Polícia Civil do Paraná durante as investigações do desaparecimento do menino Leandro Bossi, em Guaratuba, em 1992. Nenhuma prova, porém, foi encontrada contra Valentina e o grupo, e ela deixou de ser considerada suspeita no caso.

"Foi o caso de Guaratuba que fez Valentina ser conhecida na imprensa e, por isso, tornar-se uma suspeita em Altamira", afirma Ivan. "Só que em nenhum dos casos havia provas contra ela. Suas crenças polêmicas, que misturam ufologia, espiritismo e uma série de críticas à cultura cristã, foram muito mal compreendidas na época das investigações. Ninguém pode ser suspeito de crimes só por causa de suas crenças, por mais incomuns que sejam", completa.

Zapping - Cristina Padiglione

Cristina Padiglione é jornalista e escreve sobre televisão. Cobre a área desde 1991, quando a TV paga ainda engatinhava. Passou pelas Redações dos jornais Folha da Tarde (1992-1995), Jornal da Tarde (1995-1997), Folha (1997-1999) e O Estado de S. Paulo (2000-2016). Também assina o blog Telepadi (telepadi.folha.com.br).

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