Aviso
Este conteúdo é para maiores de 18 anos. Se tem menos de 18 anos, é inapropriado para você. Clique aqui para continuar.

Zapping - Cristina Padiglione

Hélio de la Peña sobre presença negra na TV: 'Não tinha consciência de ser referência'

Humorista diz que teve chance de escapar de estereótipos porque fazia parte da criação do programa

Hélio de la Peña em entrevista gravada para o Viva
O humorista Helio de la Peña na série Comediantes que Amamos, do canal Viva - Reprodução/ Viva Play
  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

Em depoimento à série Comediantes que Amamos, do canal Viva, Hélio de la Peña fala que lhe é bem recente a noção sobre o papel que desempenhou como referência negra na TV ao longo dos anos do Casseta & Planeta no horário nobre da Globo. E explica, no seu entender, por que já foi menos refém de estereótipos do que Mussum, sua referência como negro na comédia, e Grande Otello, que por sua vez serviu como espelho de Mussum.

"Fico muito feliz quando sou abordado até por novos comediantes, sobretudo negros, que dizem que me viam como referencia", afirma na série criada por Hermes Frederico.

"Eu não tinha muito consciência de ser essa referência porque não estava fazendo um programa de militância e não tinha um ativismo identitário naquela questão, mas eu era um negro e estava no horário nobre, e tinha um programa no qual eu era um dos sócios, não era coadjuvante. Era um papel bem diferenciado e bem inédito pra um artista negro, ter um espaço no horário nobre na maior emissora do país, mas eu não tinha muita noção do que era aquilo."

"O público negro via em mim um espelho, eu era um dos pouquíssimos artistas negros que estava no ar com destaque, como também no intervalo eram pouquíssimos os negros que apareciam nos intervalos. A consciência dessa identificação é recente."

Hélio conta que a questão da negritude está presente nos seus shows de stand up "de uma forma leve, porque sou um humorista, mas de uma forma assídua".

"Entre os personagens negros da comédia na nossa história tem o Grande Otello, o Mussum, o Tião Macalé, a Marina Miranda, o Paulo Silvino, falando do meu passado, nem chego a pessoas mais próximas como Luiz Miranda, Lázaro Ramos que também fez muita coisa, e o Lafond.

Essa galera da velha guarda, acho que foram menos reconhecidos porque eles ficavam restritos a papéis mais estereotipados por uma razão que me parece óbvia: eles não tinham acesso à criação de seus personagens, à criação do texto daquelas personagens.

Eu podia fazer um bêbado, um traficante, mas fazia o Obama também, a Malu Mader, eu fazia parte da equipe de redação que estava produzindo o material que eu ia falar. Essa autoria me dava oportunidade de apresentar uma outra coisa, um leque mais amplo de características e de personagens.

Recerntemente, eu tomei conhecimento de uma figura que foi importante na nossa história da cultura brasileira, que foi o Benjamim de Oliveira, um dos primeiros palhaços negros com destaque da nossa história, que era referência do Grande Otello, que depois eu vim a saber, era referência do Mussum, que era minha referência.

Mas no fim das contas, nós estamos aqui contando personagens nos dedos de uma das mãos, isso é que é lamentável num país onde 56% da população é de origem negra."

A SÉRIE

Lançada no Viva no dia 4 de julho, a série Comediantes que Amamos já exibiu edições com Dedé Santana, Heloísa Perissé e Bruno Mazzeo, alémdo próprio Hélio. A lista de retratados se estende a Maria Clara Gueiros, Rodrigo Sant'Anna, Lúcio Mauro Filho, Nany People, Cacau Protásio, Fafy Siqueira, Luiz Fernando Guimarães, Berta Loran, Migel Falabella, Dani Calabresa e Fabio Porchat.

Comediantes que Amamos tem um capítulo exibido pelo Viva a cada segunda-feira, às 18h, ficando depois disponível no Viva Play, via operadoras de TV e GloboPlay (para assinantes do pacote mais robusto).

Zapping - Cristina Padiglione

Cristina Padiglione é jornalista e escreve sobre televisão. Cobre a área desde 1991, quando a TV paga ainda engatinhava. Passou pelas Redações dos jornais Folha da Tarde (1992-1995), Jornal da Tarde (1995-1997), Folha (1997-1999) e O Estado de S. Paulo (2000-2016). Também assina o blog Telepadi (telepadi.folha.com.br).

Final do conteúdo
  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Ver todos os comentários Comentar esta reportagem