Aviso
Este conteúdo é para maiores de 18 anos. Se tem menos de 18 anos, é inapropriado para você. Clique aqui para continuar.

Zapping - Cristina Padiglione

'Deus e o Diabo na Terra do Sol' volta a Cannes 58 anos depois

Restaurado em 4K, filme de Glauber Rocha ganha nova cópia

Os restauradores de som Zé Luiz Sasso e Toco Cerqueira
Os restauradores de som Zé Luiz Sasso e Toco Cerqueira diante de cópia nova do filme 'Deus e o Diabo na Terra do Sol' - Divulgação
  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Restaurado por meio da tecnologia 4K, que imprime alta definição às imagens, "Deus e o Diabo na Terra do Sol" será exibido no 75º Festival de Cannes, que vai de 17 a 28 de maio, voltando ao mesmo evento onde estreou mundialmente, em 1964. O título de Glauber Rocha foi selecionado para a seção Cannes Classic dedicada a filmes clássicos.

O trabalho de remasterização começou em 2019, quando o produtor Lino Meireles se uniu à diretora Paloma Rocha, filha de Glauber, na restauração do filme.

O projeto, único filme brasileiro até agora selecionado para Cannes este ano, foi finalizado em 2022, mais de 40 anos depois da morte do cineasta baiano.

Segundo longa-metragem de Glauber Rocha, considerado um marco do Cinema Novo, "Deus e o Diabo na Terra do Sol" foi indicado à Palma de Ouro em 1964. O filme foi lançado nos cinemas do Brasil em julho do mesmo ano. O legado do diretor é composto também de títulos como "Barravento" (1962), "Terra em Transe" (1967), "O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro" (1969) e "O Leão de Sete Cabeças" (1970), entre outros.

"É um ciclo completo para a nossa restauração, onde o filme será reexibido pela primeira vez no mesmo local em que estreou. Que seja um novo chamado de resistência cultural", acredita Meireles, diretor do premiado longa-metragem "Candango: Memórias do Festival".

"Num país com a cultura tão depreciada, com a produção artística sofrendo ataques, fizemos um esforço de contracorrente. Isso só é possível porque o filme tem a força própria dele", afirma a diretora Paloma Rocha.

"Deus e o Diabo" tinha sua última versão digitalizada datada de 2002, há 20 anos. A nova cópia foi realizada na Cinecolor, empresa parceira da Cinemateca Brasileira, onde estava armazenada a versão em película – cinco latas de negativos 35mm em perfeitas condições.

Apesar disso, parte da obra de Glauber foi perdida no incêndio que atingiu um dos galpões da Cinemateca, em São Paulo, em julho de 2021.

"Deus e o Diabo na Terra do Sol" mescla influências literárias de Graciliano Ramos, José Lins do Rego e "Os Sertões", de Euclides da Cunha. No enredo, o vaqueiro Manuel (Geraldo del Rey) e sua esposa Rosa (Yoná Magalhães) fogem para o sertão depois que ele mata um coronel que tenta enganá-lo. No ermo brasileiro, violento e assolado pela seca, eles encontram duas figuras icônicas: Sebastião, que se diz divino, e Corisco (Othon Bastos), que se descreve como demoníaco.

Zapping - Cristina Padiglione

Cristina Padiglione é jornalista e escreve sobre televisão. Cobre a área desde 1991, quando a TV paga ainda engatinhava. Passou pelas Redações dos jornais Folha da Tarde (1992-1995), Jornal da Tarde (1995-1997), Folha (1997-1999) e O Estado de S. Paulo (2000-2016). Também assina o blog Telepadi (telepadi.folha.com.br).

Final do conteúdo
  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Ver todos os comentários Comentar esta reportagem