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Zapping - Cristina Padiglione

Bethânia enaltece Nara Leão em documentário sobre legado da cantora

"O 'Carcará' não sai da minha cabeça', diz baiana em produção do GloboPlay

Maria Bethânia em doc sobre Nara Leão
Maria Bethânia dá seu testemunho sobre Nara Leão no documentário 'O Canto Livre de Nara Leão', do GloboPlay - Divulgação/GloboPlay
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Maria Bethânia é um dos grande nomes em cena na série documental que o GloboPlay promete lançar nesta sexta-feira (7) sobre Nara Leão: "O Canto Livre de Nara Leão" elenca os motivos pelos quais a cantora era conhecida como uma figura vanguardista.

Nara rompeu preconceitos na música brasileira, comprou brigas, confrontou a ditadura militar, abriu novos caminhos para as mulheres de sua geração, e tudo sem alterar o tom de voz. Neste mês, a irmã de Danuza Leão completaria 80 anos. Ela morreu em 1989, aos 47 anos, em consequência de um câncer de cérebro.

"Eu tenho heroínas na minha vida, e Nara é uma delas", diz Bethânia. "Ela foi a chave para o conto de fadas que Deus escreveu para mim. Do 'Opinião', é lógico que o 'Carcará' não sai da minha cabeça. É a música que eu venero. Fiquei muito amiga de João [do Vale] e, naquela música ‘Carcará", ele narra uma violência grande da região dele, mas as pessoas sensíveis entendem que ali tem uma atenção de uma criança assustada vendo aquilo."

O documentário tem assinatura de Renato Terra, colunsita da Folha e diretor de filmes como "Uma Noite em 67", sobre o festival de Música da Record, e "Narciso em Férias", sobre a prisão de Caetano Veloso em 68, ambos ao lado de Ricardo Calil.

A obra, alías, vem do Conversa.doc, selo criado para identificar a turma de Pedro Bial, que tem realizado ótimos documentários dentro da Globo, a começar por "Em Nome de Deus", sobre João de Deus, fartamente premiado e responsável pela comprovação da farsa sustentada anos a fio pelo suposto médium João de Deus.

A equipe está abrigada no núcleo de Mariano Boni, diretor de gênero de Variedades da Globo, e o projeto tem montagem de Jordana Berg, com supervisão artística de Mônica Almeida e do próprio Bial.

HISTÓRICO

Nara revolucionou a música brasileira com o show "Opinião". Foi ela quem nos revelou Chico Buarque e, com ele, brilhou nos festivais de música com "A Banda".

Além de Bethânia, o doc ouve uma série de grifes na composição do repertório que conspirou sobremaneira a favor da música e da cultura brasileira. Lá estarão Chico Buarque, Roberto Menescal, Paulinho da Viola, Edu Lobo, Dori Caymmi, Marieta Severo e Fagner, entre outros nomes. Há ainda um depoimento íntimo de Cacá Diegues, com quem Nara foi casada por um bom tempo e com quem teve uma filha, Isabel Diegues, que também fala sobre a mãe e acumula, na produção, o papel de consultora da obra

Seu filho, José Pedro Bila, herdeiro de Pedro Bial, também participa da edição como produtor de conteúdo.

A cantora completaria 80 no dia 19 de janeiro.

"Nara foi uma cantora brilhante. Mas sua importância não se resume à música", atesta Renato Terra em texto distribuído pela Globo.

"Suas entrevistas, muitas vezes, pautavam as conversas em todo país", continua o diretor da série. "Ela confrontava os críticos que queriam rotular e limitar o seu trabalho. Com inteligência e delicadeza, Nara sempre fez o que quis na sua arte e na sua vida pessoal. Na maneira de vestir, de contestar, de falar, de se impor. Quis trazer esse jeito suave e contundente da Nara para ajudar a contar essa história."

ACERVO E EDIÇÃO

A produção se serve de imagens de acervos variados, entre materiais raros e alguns inéditos, como arquivos da ditadura descobertos recentemente. Entrevistas que Nara deu ao longo da carreira, números e encontros musicais, shows, filmes e fotos de reuniões em seu apartamento fazem parte da edição.

O primeiro episódio mostra as origens da Bossa Nova em meio ao círculo de amizades que se formou na zona Sul do Rio de Janeiro, bem antes de se tornar gênero de influência mundial.

O segundo episódio apresenta uma Nara que já não tem nada de Bossa Nova, quando começa a desenvolver sua consciência política e a dar voz a composições de sambistas como Zé Keti, Cartola e Nelson Cavaquinho. Vem o show "Opinião", marco que inaugura as reações artísticas de resistência à ditadura militar instituída em 1964.

A parceria de Nara com Chico Buarque e sua importância essencial nas carreiras de Edu Lobo, Sidney Miller, Fagner e Dominguinhos estão no terceiro capítulo. Já no quarto episódio, aparece a Nara transgressora, atuante na Tropicália e capaz de romper preconceitos ao gravar um disco com músicas de Roberto Carlos e Erasmo Carlos. Marieta Severo dá um emocionante depoimento sobre a importância de Nara para as mulheres de sua geração.

O quinto e último episódio fala sobre afetos, e é aí que entra a entrevista de Cacá Diegues, ex-marido, de Roberto Menescal, seu amigo da vida inteira; e da filha Isabel.

Zapping - Cristina Padiglione

Cristina Padiglione é jornalista e escreve sobre televisão. Cobre a área desde 1991, quando a TV paga ainda engatinhava. Passou pelas Redações dos jornais Folha da Tarde (1992-1995), Jornal da Tarde (1995-1997), Folha (1997-1999) e O Estado de S. Paulo (2000-2016). Também assina o blog Telepadi (telepadi.folha.com.br).

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