Vontade de segurar o tempo para curtir a vida com filhos, sem máscara e sem medo
Na pandemia, sensação de que as crianças crescem muito rápido é maior do que antes
A sensação que eu tenho como mãe é que o ano de 2020 deveria ser riscado de nossas vidas. Deveria haver uma forma de segurar o tempo e fazer com que ele retornasse só daqui dois anos, com vacina segura para todos.
Não dá, eu sei. É impossível. Mas é essa sensação que tenho. Eu, que nunca lamentei ver o tempo passar, que sempre gostei de cada nova fase de minhas filhas, pergunto-me diariamente: “Por que os filhos crescem tão rápido?”
Ainda ontem, eu segurava minha filha mais velha, ajudando-a nos primeiros passos de balé, ensinando-a a ter coragem para mergulhar até o fundo em uma piscina, agora vejo-a mergulhando na adolescência, sem volta.
Luiza fez 13 anos em 2020 e eu nem pude comemorar como gostaria. Quando iria preparar uma festa, veio a pandemia. No fim de janeiro, ela fará 14 anos, e a sensação que tenho é a de ver a infância de minha primogênita se esvaindo por minhas mãos.
Tantos lugares que eu queria mostrar a uma garotinha de 13 anos, tantos espaços que estão fechados, tantos filmes que deixamos de ver no cinema. Com alguma fé e muita sorte, teremos a vacina no primeiro semestre no Brasil, mas não será para mim nem para elas.
Laura, aos 8 anos, diz coisas e faz interpretações de leituras com uma capacidade que ela não tinha no início de 2020. Isso é evolução, mas também significa tempo que passou. Tempo que não voltará.
Minha garotinha de 7 anos deixou para trás os olhinhos gigantes e serelepes que, hoje, ficam vidrados apenas na vida online.
Eu detesto o novo normal, por isso, prefiro nem sair de casa. Não acabou a pandemia; recuso-me a ser negacionista e aglomerar. A única coisa que eu queria é impossível: segurar o tempo e curtir um pouco mais minhas meninas.
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