Sempre gostei de Natal, mas ser mãe me fez amar a data ainda mais
Dispenso a correria insana da data e a lista enorme de presentes; Natal é tempo de amar e refletir
É quase Natal. A sensação que tenho sobre 2019 é que foi um ano muito difícil. E, quando as coisas não vão bem no país, não fluem de forma que nos traga tranquilidade em várias áreas, a maternagem diária sente muito.
O motivo é que tudo fica muito mais difícil. O meme que diz "quem não surtou, não chorou, não passou raiva ou não sofreu em 2019 não viveu este ano" --ou algo assim-- me representa. Principalmente no que diz respeito à maternidade.
Profissionalmente, foram muitas mudanças e desafios, o que refletiu em minhas filhas. Em casa, como mãe, vivi as difíceis novas fases. Elas estão crescendo. Angústias e outros sentimentos surgem. É normal.
Ter filhos é isso, é celebrar o crescimento, mas saber que o que vem pela frente é sempre mais desafiador. Teria aqui muitos motivos para lamentar, mas prefiro celebrar. Sempre gostei de Natal e, depois que me tornei mãe, passei a ter um apreço especial pela data. Representa muito, mesmo para quem não acredita.
Respeito quem não gosta e não se sente feliz. E também critico o consumismo exacerbado da época.
Essa correria atrás do presente ideal é terrível. Essa insanidade que é enfeitar a casa e gastar muito com itens que, em geral, não têm utilidade prática, não faz parte do que defendo e acredito.
Mas tenho filhas. E ter filhas muda tudo. A minha falta de vontade de montar a árvore de Natal --tarefa que adiei ao máximo por causa do meu extremo cansaço-- foi substituída por um amor incondicional, daqueles que apertam o peito (e só as mães conhecem), quando vi os olhinhos da minha caçula brilhando ao colocar cada bola na árvore.
E, até mesmo o "presente do Papai Noel", do qual eu tenho uma birra, foi motivo para trabalhar a autoestima e fazer reflexões. Desde quando elas eram muito pequenas, jamais atendo aos desejos consumistas. Os pedidos de presentes caros mudam para algo que caiba no orçamento familiar, após eu convencê-las com aquele jeito materno.
Ninguém precisa de tanto, principalmente de coisas caras. Os filhos necessitam de presença e abraços. Os filhos precisam de pais e mães que os ajudem a se sentirem realizados na existência, o que é muito, muito difícil.
Também limitamos a quantidade. Nunca, em hipótese alguma, foi permitido que pedissem mais de um presente de Natal. Os familiares também já sabem que não é necessário enchê-las de presentes. O que devem dar a elas é uma família acolhedora.
E isso tem ocorrido. Aos poucos, sem correria, sem loucura e sem gastar demais, temos nos ajeitado. Fazemos um amigo-secreto na noite de Natal, ficamos juntos e nos divertimos.
Eu e minhas meninas estamos aproveitando os últimos dias para fazer um balanço. Para refletir sobre nossos comportamentos, sobre o que gostaríamos de mudar no ano que vem e sobre o que fizemos que não foi bacana.
Estamos, juntas, nos perdoando por muito do que não deu certo e aceitando as situações. Porque preferimos sempre ficar com as boas memórias.
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