Minha caçula insiste diariamente em dizer a todos que vai ser presidente do Brasil
Eu sou mãe de presidente da República
Chego na escola afobada, no horário de entrada de Laura, minha caçula de sete anos. Eu tinha um compromisso profissional que me exigiria entrar mais cedo, sair mais tarde e reorganizar minha rotina em plena segunda-feira, depois de um final de semana de plantão.
Contabilizava oito dias de trabalho, mas Laura não queria saber. Ela tinha passado o final de semana inteiro chorando, querendo mudar de escola, por uma falha de comunicação sobre a celebração do Dia dos Pais.
Eu gosto de seguir regras. E minha pequena também. Para mim, a lógica é simples: as regras são claras, nós a seguimos, respeitamos as normas sociais e está tudo certo. Ou seja, eu sigo regras justamente para não ter problemas. Quando discordo delas, não saio quebrando tudo; protesto e começo a minha mobilização para mudá-las. Acredito que a sociedade precisa fluir dessa forma.
O fato é que Laura não seguiu as regras do evento do Dia dos Pais e me deu bastante trabalho. Como também acredito no diálogo, fui até o colégio. A conversa fluiu numa boa, pois a parceria entre pais, mães, professores e profissionais da área é o que garante o sucesso na educação.
Não sei se são os plantões, o trabalho aos domingos e feriados, os eventos, a leitura incessante de livros, as conversas sobre política no café da manhã ou o meu expediente que vai até de madrugada que fazem a minha caçula ser completamente apaixonada pela minha profissão.
Aliás, ela e a irmã gostam muito de brincar de jornalista comigo. Querem fazer jornal, site e revista, e, nos últimos tempos, aproveitam para me entrevistar com frequência. A empolgação chamou a atenção da professora de Laura, que me deu seu veredito: “Acredito que Laura será jornalista”.
Eu, que não sou mãe de planejar profissão e sonhar sobre as escolhas das minhas filhas (elas é que terão de escolher), sorri. Ao comentar com Laura as impressões de sua mestra, ela logo me repreendeu: “Mãe, você não falou para ela que eu vou ser presidente?”
Sim, há meses ela diz que será presidente. Tem plano de governo, já planejou a cor da faixa presidencial, disse que não nos dará emprego após entender o que é nepotismo e tem como meta acabar com a fome de quem não tem dinheiro para comprar comida.
Com ela, não há negociação possível. A todos que perguntam, Laura responde o mesmo: “Vou ser presidente”. A roupa da posse certamente será um vestido de princesa, desenhado pela minha irmã, que é estilista. Eu me divirto tanto com os sonhos da minha pequena. Segundo ela, vai ter glitter na faixa presidencial. Porque criança é para brilhar!
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