Amor paterno faz bem e molda a vida dos filhos
Colo de pai é diferente; mesmo mais durões, eles abrem mão de muita coisa pelos filhos
Poucas coisas da infância ficam na memória da gente. Eu me lembro de quando brincava de escorregar em um barranco perto da minha casa. Lembro-me de subir em árvore, me divertir no balanço e comer muita goiaba do pé. Tudo isso nos rincões da periferia de São Paulo.
Mas tem uma coisa que não me sai da memória: o ritual que meu pai fazia aos domingos. Ele acordava, ia até a padaria, lavava o carro e, depois que almoçávamos, meu pai lia o jornal. Foi por causa dessa atitude de meu pai que resolvi ser jornalista. Mesmo ele querendo que eu fosse médica ou advogada. Mesmo ele não tendo “paciência” para ler o jornal inteiro, como ainda diz.
Meu pai tinha pouco tempo para nos dar colo, pois trabalhava muito. Hoje, vejo que o colo do meu pai era diferente, e levar o jornal para casa foi como se tivesse feito um cafuné na minha alma. Pai tem um jeito distante, um jeito durão, um jeito mandão.
Mesmo os mais modernos. Mesmo os pais atuais, como meu companheiro, que trocam fralda, dão banho, mamadeira, nadam junto e fazem o coque da aula de balé. Mas o jeito do pai molda a gente. O que o pai diz, como ele faz as coisas, suas atitudes e sua dedicação importam muito.
Mesmo que não seja o pai biológico, mesmo que seja um pai-avô, mesmo sendo o pai separado da mãe e mesmo que o pai já tenha partido. Colo de pai importa muito. Colo de pai é gigante, colo de pai acalma.
Colo de pai é tranquilo. Colo de pai importa também. Colo de pai faz uma falta danada. Colo de pai molda o pai e o filho. O pai e a filha. O pai e as filhas, como meu marido Renê, que tem quatro.
Pai não dá colo só quando segura. Pai dá colo quando desiste de beber com os amigos para ficar com os filhos e quando acorda cedo para tomar conta dos pequenos para a mãe dormir ou trabalhar. Pai dá colo ao levar na creche, na escola, na academia. Pai dá colo quando dá sorvete, pizza e hambúrguer. Pai dá colo de um jeito diferente. Pai também abre mão, também se transforma, também vira leão. Pai presente é o melhor presente. E colo de pai faz um bem danado!
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