As férias escolares das minhas filhas são a 8ª maravilha do Universo
Adoro quando as meninas estão em casa e posso fazer mil planos
Era tarde de uma quinta-feira de julho, e entrei no consultório da psicóloga sem atraso, com o cabelo no lugar e maquiada. Ela me olhou e disse: "O que está acontecendo?", já confiando que seu trabalho estava rendendo frutos.
"São as férias escolares", respondi, deixando-a chocada, pois todas as amigas e muitas de suas clientes reclamam das férias dos filhos. Eu, não. As férias das meninas são, para mim, a oitava maravilha do Universo.
Quando as meninas têm aulas, eu mal consigo ir à terapia. E, quando vou, tenho que escolher se chego no horário ou se penteio o cabelo. Na maioria das vezes, mesmo me virando nos 30, eu chego atrasada e descabelada. Nas férias, não. Eu tenho tempo para banhos, para conversar com elas, para fazer mil comidas, para ver filme grudada com as meninas, levá-las a exposições e ir mais ao teatro. E não, eu não paro de trabalhar em julho.
Não fui a um resort, não fui a hotel fazenda, não curti apartamento na praia nem águas termais relaxantes. Muito pelo contrário. Trabalhei dobrado, e uma crise renal me tirou de cena por dois dias. Hospital, tramal na veia, morfina e muito sono no único dia de afastamento médico em que fiquei em casa. Mas nem ligo.
Amo estar com minhas meninas. Amo estar com cada uma em seus momentos.
Nestas férias a gente fez pastel, rosquinhas doces, pudim e um monte de comida gostosa. A gente organizou a casa. E passeou muito. Teve circo, teve a exposição, muito cinema, música, sol e casa da vovó.
Porque infância é isso. E a gente não precisa atravessar o planeta para se sentir plena e feliz com a vida materna. A gente também não precisa mascarar os problemas nem tornar nada maior do que é. Ser mãe é caótico? Sim. Ser mãe e trabalhar nas férias tendo que travar uma batalha diária para ver com quem
vão ficar as meninas é duro? É sim. Mas eu sempre escolho ser feliz. E sou.
Não estou criticando nenhuma mãe que reclama das férias escolares. Respeito muito quem acha o caos ficar com filho em casa, quem lamenta porque não conseguiu fazer viagem cara ou longa ou linda. Respeito, mas não me identifico.
O que eu gosto mesmo é de ter minhas pequenas ao meu lado, sem os horários rígidos do dia a dia escolar. Sem as obrigatoriedades das tarefas diárias, dos estudos para provas, sem o curto tempo pa
ra brincadeiras. Quando ficamos "sem fazer nada", acabamos fazendo tantas coisas! Tempo junto é época de ensinar tolerância, de ver o sol nascer, de comer devagarinho. Tempo junto é para explicar que a mamãe parece uma heroína, mas fica doente e precisa operar, às vezes.
Tempo junto é hora para dizer que a morte chega, mas não agora. Tempo junto é para separar brigas de irmãs também, porque disso é feita a humanidade: de mansidão e conflito. É feita de fúria, mas também de amor e de muito afeto.
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