Biblioteca da Vivi

Livro 'Vida Invisível' traz drama feminino que atravessa gerações

Filme e literatura se unem por denúncia ao machismo

Cena do filme "A Vida Invisível" (2019), de Karim Aïnouz
Carol Duarte, em cena do filme "A Vida Invisível" (2019), de Karim Aïnouz - Divulgação
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Podem ser minhas emoções que estavam mais à flor da pele naquele domingo à noite. Mas o filme "A Vida Invisível", de Karim Aïnouz, inspirado no livro de mesmo nome da recifense Martha Batalha (R$ 47,90, 192 págs., Cia. das Letras), fere bem lá no fundo do universo feminino ao abordar com espantosa simplicidade questões como machismo, estupro, mentira e morte. É um melodrama feminista: sensível, mas ainda assim vale lembrar que dirigido por homens.

Entre sequências sufocantes, a atmosfera soturna do filme conduz a história de duas irmãs, Guida e Eurídice Gusmão, no Rio dos anos 1940. E essa mesma sociedade patriarcal é narrada no livro por Martha Batalha -na terceira pessoa, na posição de autora que sabe de quase tudo. "Vagabunda. Eu me casei com uma vagabunda", diz o marido de Eurídice, Antenor, já na segunda página do romance, quando ainda cogitava devolver a mulher à família.

Acontece que Eurídice sofria para se adequar aos moldes de dona de casa exemplar. Era introvertida, mas ao mesmo tempo uma pianista virtuosa. Ser mãe definitivamente não era o primeiro de seus sonhos. Mas aceitou a vida e foi levando. Tanto que, quando se casou, já quase havia (quase) se esquecido do desaparecimento da irmã, Guida. Diferentemente dela, esta havia fugido com o namorado. Mas depois se sabe que seu destino não foi a salvação. Cada uma sofreu consigo mesma as desventuras de suas escolhas e, principalmente, a sequência de fatos que fez com que elas permanecessem distantes ao longo dos anos.

Escolhido pelo Brasil para representar o país na corrida pelos finalistas do Oscar de melhor estrangeiro, "A Vida Invisível" carrega em si temática importante e boa atuação de Carol Duarte e Julia Stockler. Mas é no livro, pelas palavras de Martha, que Eurídice e tantas outras mulheres invisíveis ganham voz por meio de múltiplas narrativas.

MAIS VENDIDOS

FICÇÃO
1    "A Garota do Lago", de Charlie Donlea (Faro)
2    "A Bruxa Não Vai para a Fogueira Neste Livro", de Amanda Lovelace (Casa da Palavra)
3    "Eleanor & Park - Slim", de Rainbow Rowell (Novo Século)
4    "Drácula - Edição de Luxo", de Bram Stoker (Pandorga)
5    "A Princesa Salva a si Mesma Neste Livro", de Amanda Lovelace (Casa da Palavra)

NÃO FICÇÃO
1    "Escravidão Vol. 1", de Laurentino Gomes (Globo)
2    "A Arte da Sabedoria", de Baltasar Gracián (Faro)
3    "Sapiens - Uma Breve História da Humanidade", de Yuval Noah Harari (Publibook)
4    "Box - O Essencial da Psicologia - 3 Volumes", de Sigmund Freud (Aeroplano)
5    "21 Lições para o Século 21", de Yuval Noah Harari (Cia. das Letras)

AUTOAJUDA
1    "Como Fazer Amigos e Influenciar Pessoas - Versão de Bolso", de Dale Carnegie (Companhia Editora Nacional)
2    "Como Fazer Amigos e Influenciar Pessoas", de Dale Carnegie (Companhia Editora Nacional)
3    "A Sutil Arte de Ligar o Foda-Se", de Mark Manson (Intrínseca)
4    "Minutos de Sabedoria (Simples)", de Carlos Torres Pastorino (Vozes)
5    "Mais Esperto que o Diabo", de Napoleon Hill (CDG)

Biblioteca da Vivi

Vivian Masutti, 35, é jornalista formada pela Cásper Líbero e bacharel em letras (português e francês) pela USP (Universidade de São Paulo), onde também cursou a Faculdade de Educação e obteve licenciatura plena em língua portuguesa. No Agora, é coordenadora da Primeira Página.

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