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Saiba mais sobre novo membro da Academia Brasileira de Letras

O jornalista Ignácio de Loyola Brandão é de Araraquara

O escritor Ignácio de Loyola Brandão
O escritor Ignácio de Loyola Brandão - Mônica Bergamo/Folhapress
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A escolha nas últimas semanas do araraquarense Ignácio de Loyola Brandão, 82 anos, para ocupar a cadeira número 11 da Academia Brasileira de Letras o tornou um imortal pela dimensão que atinge (ontem, hoje e sempre) a sua obra. Brandão se senta agora no lugar do sociólogo e cientista político Helio Jaguaribe, morto em setembro do ano passado, aos 95 anos.

A eleição de Ignácio de Loyola Brandão para a ABL não deixa de ser um ato político –como o é todo tipo de literatura, a despeito dos que a defendem com caráter puramente estético. Em tempos em que as liberdades e a diversidade são contestadas, seu principal livro, “Zero” (pode ser achado por R$ 10 em sebos), escrito durante a ditadura militar, torna-se ainda mais importante.

Tenho simpatia especial por Brandão ter sido filho de ferroviários. Sou bisneta dos ferroviários Eurico Almeida e Euclides Vieira (que trabalharam na mesma região). Eram todos autodidatas. E se eu tenho gosto pela literatura hoje e sempre é muito devido a eles. Contista e romancista, o novo imortal nutre essa mesma paixão. E com ela escreveu “Zero”.

O romance, além de trazer nova estrutura, toda fragmentada, como se interagisse com o leitor o tempo todo, mostra um casal de protagonistas anti-heróis, retomando o estilo naturalista: Rosa e José têm desdém um pelo outro; enojam-se. Mas deixam-se levar por noites de prazer, em um cenário bizarro, cheio de aberrações. Trabalham no circo da cidade.

Resultado: o livro foi editado no Brasil em 1975 e proibido de circular no ano seguinte, por conteúdo considerado impróprio.

Como conteúdo nenhum jamais pode ser considerado impróprio na literatura, deixo aqui minha dica antes de sair de em merecidas férias. Esta seção volta a ser publicada em 5 de maio. Até breve!

Um livro maravilhoso, mas que exigirá um investimento um pouco maior é a fotobiografia “Revela-te, Chico” (R$ 145, 240 págs., Bem-te-Vi), com 210 imagens: algumas inéditas e outras raras, além de 22 obras feitas especialmente para o projeto, que é assinado por Augusto Lins Soares. Os textos são de Joaquim Ferreira dos Santos. As imagens fazem um passeio desde a infância e as aventuras de adolescência e vão até a turnê “Caravana”, mais recente, de 2018.

Biblioteca da Vivi

Vivian Masutti, 35, é jornalista formada pela Cásper Líbero e bacharel em letras (português e francês) pela USP (Universidade de São Paulo), onde também cursou a Faculdade de Educação e obteve licenciatura plena em língua portuguesa. No Agora, é coordenadora da Primeira Página.

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