Criador avisa que 'Emily em Paris' não está de mudança para Roma: 'Paris não acabou'
Darren Star diz não se importar se italianos se irritarem com retrato da cidade na série, assim como ocorreu com boa parte dos franceses: 'Eu realmente não levo essas críticas a sério'
"Emily em Paris", a série de sucesso da Netflix sobre uma jovem americana vivendo uma vida de romance e luxo na França, provocou uma onda de indignação desde que estreou no final de 2020.
A compreensão desajeitada de Emily da língua nativa, suas roupas de grife chamativas e encontros exagerados com chefs charmosos e artistas extravagantes deixaram alguns parisienses irritados e expatriados americanos envergonhados, mesmo enquanto se tornava uma das comédias mais populares do serviço de streaming.
Agora em sua quarta temporada —dividida em duas partes, com a segunda tendo estreado na última quinta-feira (12)— o programa continua a encantar e irritar com sua visão ensolarada do que o jornal francês Liberation chamou de "Disneyland Paris".
Mas, no novo lote de episódios, Emily (Lily Collins) deixa Paris e vai para Roma. Convidada por seu novo interesse amoroso italiano Marcello (Eugenio Franceschini), ela passeia na scooter dele, oferecendo uma visão de cartão-postal da Cidade Eterna com paradas em marcos turísticos como a Fontana di Trevi, o Coliseu e a Escadaria Espanhola. Enquanto tenta convencer Emily a se mudar para uma nova capital europeia, Marcello faz uma proposta que também serve como o mote da temporada: "Esqueça os crepes; vamos comer pizza".
Darren Star, o criador e showrunner de "Emily em Paris", disse que Emily "estava ficando muito confortável em Paris". "Eu queria jogá-la em águas desconhecidas", completou. E acrescentou que "vivemos a vida de Emily em Paris, e agora vamos fazer o mesmo em Roma."
A representação de Roma no programa é tão romântica quanto possível: arcos brilhantes, ruínas ao pôr do sol e prato após prato de presunto de Parma e carbonara, sem a sujeira, lixo e grafite que também fazem parte da verdadeira experiência romana.
Muitos outros arquétipos italianos abundam nos episódios, incluindo "nonnas" que amam comida e homens que exclamam "bellissima!" para mulheres que passam. A série também canaliza a iconografia clássica italiana através de homenagens a filmes como "A Princesa e o Plebeu" (assim como um dos favoritos de Emily, "Lizzie McGuire: Um Sonho Popstar", também ambientado em Roma).
Como Emily exclama logo após sua chegada, comendo um copo cheio de gelato: "Olhe ao nosso redor! Não é incrível?". Star disse que tudo isso foi planejado. "Aproveitamos a beleza da cidade de Roma", ele disse. "Não estou tentando retratar Roma como um lugar superlotado, cheio de lixo e grafite —essa não é a Roma que Emily está experimentando."
Resta saber se essa representação romantizada impressionará os romanos nativos, ou se eles, como os parisienses, se sentirão ofendidos pelo esboço unidimensional. As cenas de Emily jogando moedas na Fontana di Trevi, as músicas como "Mambo Italiano" e as referências a filmes como "A Doce Vida" e "Gladiador" conquistarão os italianos? De qualquer forma, Star insistiu que não se importa. "Não estou preocupado com isso", ele disse sobre possíveis objeções dos espectadores italianos. "Eu realmente não levo essas críticas a sério."
A Itália foi um atrativo particular para Star, ele disse, por sua profunda conexão com a indústria da moda, o que fez a mudança parecer "orgânica", dado o trabalho de Emily nesse campo. Mas ele também sentiu que as diferenças culturais entre Itália e França seriam uma tensão interessante: há "um certo calor" que os italianos têm, disse Star, que os franceses não têm: um "sentimento de família" que ele queria que Emily experimentasse.
A rivalidade cultural de longa data entre França e Itália também parecia "divertida de brincar", disse Star. A chefe francesa de Emily, Sylvie (Philippine Leroy-Beaulieu), tem uma história conturbada com a Itália, que foi prenunciada desde a segunda temporada —e essa conexão molda a ação à medida que esta se desenrola.
O showrunner sempre teve em mente que Emily poderia viajar para uma cidade diferente, ele disse. "As pessoas que vivem em cidades na Europa, elas deixam sua cidade", disse Star, "elas não ficam apenas sentadas em Paris sem nunca sair de Paris". Nesse sentido, Emily em Roma —ou em outro lugar da União Europeia— talvez fosse algo inevitável.
Com apenas dois episódios completos em Roma, Star disse que esses novos episódios "realmente apenas arranharam a superfície de contar a história de Emily em Roma, ou Emily na Itália". Se o programa for renovado para uma quinta temporada, ele pode ter a chance de explorar mais: a temporada termina com a sugestão de que o tempo de Emily na Itália está longe de acabar.
Ainda assim, Star deixou claro que "Emily em Paris" não está se mudando permanentemente. "Paris não acabou", ele disse. "Ela não muda seu nome no Instagram para @emilyemroma. Acho que o programa ainda tem seus pés firmemente plantados em Paris."
Isso pode significar que "Emily em Paris" será uma aventura mais aventureira, pulando de cidade em cidade no futuro. E também que os parisienses frustrados ainda não estão livres de Emily.
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