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Cinema e Séries
Descrição de chapéu América Latina

É muito forte, diz argentino Juan José Campanella sobre 'Law and Order: SVU' dirigido por ele

Cineasta do premiado 'O Segredo dos Seus Olhos' fala sobre a comoção que mortes injustas lhe causam e critica a segregação do cinema latino-americano: 'Uma desgraça'

O diretor argentino Juan José Campanella - AFP
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São Paulo

Em 2001, quando estourou nas bilheterias com "O Filho da Noiva", estrelado por Ricardo Darín, o diretor Juan José Campanella se viu diante de um fenômeno latino-americano: o filme foi visto e comentado não só em seu país, a Argentina, mas em todo o continente.

Vinte anos depois, ele tem sido procurado por plataformas de streaming que querem refilmar o clássico.

"Queriam fazer a versão peruana, a versão mexicana, a versão brasileira", conta, em entrevista ao F5 por videoconferência. Segundo ele, a febre dos remakes cresceu nos últimos dez anos e ataca especialmente comédias. "Aconteceu com 'Re Loca' [do argentino Martino Zaidelis]: tem uma versão chilena, uma mexicana, cada país faz sua versão do mesmo filme." Isso o irrita.

Frustrado com a ausência de um intercâmbio mais vigoroso entre os países vizinhos no mercado audiovisual, Campanella confessa que esperava o contrário quando surgiram os streamings, na década passada. "Para mim é uma desgraça que não tenhamos mais comunicação entre as diferentes cinematografias da América Latina", lamenta. "Pensei que as plataformas iam corrigir isso, mas está cada vez mais segregado."

Ele critica especialmente a relação entre Brasil e Argentina: "Não consigo acreditar como dois países que têm tanta comunicação na música, no turismo, na comida e no futebol —ainda que seja uma rivalidade, mas é uma rivalidade folclórica— não têm o mesmo no cinema."

A LEI E A ORDEM

Vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro por "O Segredo dos Seus Olhos" em 2010, Campanella está de volta ao universo do crime em "Law & Order SVU". O argentino dirigiu o capítulo "Marauder", que vai ao ar nesta terça (18) na Universal Plus. O episódio é o 12º da 25ª temporada da série policial.

No capítulo, a investigadora Olivia Benson (Mariska Hargitay) decide desarquivar um caso ocorrido há mais de 30 anos envolvendo a família da policial Shannah Sykes (Jordana Spiros). No ar desde 1999, "Law & Order: Special Victims Unit" tem como foco um grupo de detetives de uma unidade especial de investigação que acolhe casos de vítimas de crimes sexuais, abuso infantil e idosos.

"É muito forte", entrega o diretor. Quando a equipe de Benson descobre que a irmã de Sykes foi vítima de um serial killer que vivia no bairro como um homem comum, conhecido e querido pela comunidade, o impacto na família é profundo.

"O que mais me encanta na ficção policial são as histórias das pessoas. Me interessa, sim, a solução do crime, encontrar o assassino —o que funciona como o motor que leva a história adiante. Mas para mim o que faz a grande diferença são os conflitos pessoais", diz Campanella. "O que me comove são as mortes injustas, não somente feminicídios, não só de crianças. Sempre penso que a morte mais horrível que alguém pode ter é em sofrimento. Isso me horroriza", completa.

POLÍTICA ARGENTINA

Questionado pela reportagem sobre as consequências da política de cortes de Javier Milei na cultura e no audiovisual argentinos, Campanella prefere se manter em silêncio.

"Decidi que não falo mais de política argentina publicamente, porque me expus muito e me dei conta de que isso pode prejudicar os projetos em que eu trabalho", justifica-se. "Principalmente para a imprensa estrangeira. O que mais existe na Argentina é ficarem falando: 'Olha esse cara, falando mal do país lá fora'. Eu mesmo já me vi fazendo esse tipo de comentário e não quero ser alvo dele".

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