'P-Valley': Nova temporada mostra a batalha de strippers por trabalho durante a pandemia
Série também debate o racismo em uma cidadezinha fictícia no interior do Mississipi
Série também debate o racismo em uma cidadezinha fictícia no interior do Mississipi
Criada pela vencedora do Prêmio Pulitzer Katori Hall, "P-Valley" estreou em julho de 2020, no auge da crise sanitária causada pela Covid-19. A série tem elenco majoritariamente feminino, episódios dirigidos por mulheres, e mostrou ao mundo a batalha de um grupo de strippers negras em um inferninho nos cafundós do Mississipi.
Aclamada pela crítica e pelo público, ela ganha neste domingo (3) uma segunda temporada no Starzplay, na qual mostra como a pandemia chacoalhou os negócios da The Pynk e também as relações entre as personagens. "Elas foram todas muito impactadas pelo lockdown. Um clube de strippers precisa ser presencial, o que acontece quando não se pode estar próximo ao seu cliente?", questiona Hall, em entrevista ao F5 por videoconferência.
Parar de trabalhar não era uma opção para as profissionais da dança sensual, que tiveram que dar o seu jeito. "Elas são o maior exemplo de resiliência, já que o impacto econômico da pandemia os fez batalhar ainda mais por dinheiro para sobreviver", diz Hall.
Intérprete da personagem Hailey (a chefe do clube), Elarica Johnson chama atenção para um detalhe nem tão pequeno na construção das personagens da série, uma adaptação da peça "Pussy Valley", de Hall. "Essas mulheres são dançarinas e apaixonadas pelo que fazem. Ter uma mulher escrevendo os episódios apenas mostrou isso. A série não é apenas sobre os corpos das mulheres, mas sim sobre suas vidas, vivências e talentos", afirma.
Nesta segunda temporada, a questão da pandemia e suas consequências vêm atrelada à luta antirracista. "Como uma mulher preta, me senti na responsabilidade de falar sobre como a pandemia expôs o quão racista a sociedade norte-americana ainda é", diz a dramaturga. Hall conta ainda que o assassinato de George Floyd, em Minneapolis no dia 25 de maio de 2020, estrangulado por um policial branco, foi um ponto que a fez refletir sobre a importância de trazer o assunto à pauta.
"Historicamente personagens pretos não são vistos na mídia. Depois da pandemia tivemos uma grande exposição de casos de racismo, principalmente nos Estados Unidos", analisa. "[A história mostra] personagens tentando descobrir como ser valiosos no mundo, sendo homens e mulheres pretos."
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