Em 'Shining Vale', Mira Sorvino vive fantasma que assombra Courteney Cox
Atriz vive dona de casa 'endemoniada' em série que estreia no domingo no Starzplay
Atriz vive dona de casa 'endemoniada' em série que estreia no domingo no Starzplay
"Eu adoraria", brinca a atriz e roteirista Sharon Horgan sobre a possibilidade de um fantasma escrever parte de seu trabalho. É isso o que acontece com a escritora Pat, vivida por Courteney Cox (a eterna Monica de "Friends"), na série "Shining Vale", que estreia neste domingo (6) no serviço de streaming Starzplay.
Na trama, Pat se muda com o marido, Terry (Greg Kinnear), e com os filhos para uma enorme e decadente casa no subúrbio após ele descobrir uma traição dela. O que ela não sabia, é que o imóvel já era habitado —no caso por criaturas sobrenaturais, como a fantasminha nada camarada Rosemary, interpretada por Mira Sorvino.
Na verdade, Pat toma eventualmente uma dose muito maior que a recomendada de seus remédios controlados, o que faz com que ela, vez por outra, não saiba distinguir o que é realidade e o que é fantasia. Em muitas dessas ocasiões, ela escreve suas melhores páginas, sem que ao menos se lembre depois do que estava fazendo.
Horgan diz que chegou a ter alguns lapsos enquanto escrevia a série —nenhum episódio comparável aos da personagem. "Tem o título de um episódio que eu não lembro de onde saiu, é um pouco estranho porque não faço ideia de onde ele veio", conta. "Você sempre chega a um momento, em qualquer projeto, em que pagaria para alguém terminar aquilo por você, mas no final faz parte do processo."
No caso da série, ela dividiu a elaboração dos roteiros com Jeff Astroff, que também assina com ela a produção executiva. Horgan diz que chegou para ele com a ideia que teve depois de conversar com um amigo sobre uma pessoa que dizia ter comprado uma casa onde um crime havia ocorrido no passado.
"Eu pensei em fazer a série numa casa assim, porque esse tipo de imóvel é muito difícil de vender", lembra. "Aí tive a ideia de centrar em uma família que se muda para lá e na razão pela qual se mudam —porque a mulher estava tendo um caso e eles querem ir o mais longe possível de onde estavam, então só quando ela chega lá é que percebe que tem algo de errado."
Outros elementos, como a confusão mental de Pat, foram sendo acrescentados. "Eu não queria que fosse algo direto, achei muito mais interessante que as pessoas não soubessem se ela está perdendo a razão ou se a casa está mesmo possuída", afirma.
Outra preocupação da dupla de criação foi com o tom da série, que une elementos de terror e de humor. "Nós pensamos em como faríamos algo que fosse muito assustador, mas ao mesmo tempo muito engraçado, sem que parecesse uma paródia", diz Horgan. "Assistimos a muitos filmes para criar algo com o nosso próprio estilo, um bom filme de terror à moda antiga, que também é uma comédia familiar."
"Foi algo que discutimos muito", confirma Astroff. "Até a chegada da nossa diretora, Dearbhla Walsh, a gente ainda estava adicionando coisas. Ela tinha dirigido 'The Handmaid's Tale', que é a coisa mais distante da comédia que existe, mas ela sempre tinha um abordagem interessante e nós sabíamos que ficaria bacana."
Os criadores também comentam como foi trabalhar com um elenco tão estrelado. "Nós tínhamos um indicado ao Oscar, uma vencedora do Oscar e uma atriz icônica", lembra o roteirista, referindo-se a Kinnear, Sorvino e Cox respectivamente. "Mas nunca houve nenhum tipo de competição, todos se apoiaram muito entre eles."
"Você esquece que está trabalhando com nomes tão gigantes, porque todos estavam com muita vontade de fazer esse trabalho", analisa Horgan. "Cada um deles estava tão investido na ideia da série e em tudo o que isso envolvia. Às vezes eu pensava: 'Por que eles iriam querer fazer essa série?'. Mas a realidade é que eles se importavam muito e que cada um, a seu modo, tentou fazer tudo da melhor forma."
Na pele de Rosemary, Mira Sorvino diz estar feliz de dar vida à dona de casa "endiabrada" que assombra Pat e diz que aquela é sua casa. Vencedora do Oscar de atriz coadjuvante por "Poderosa Afrodite" (1995), a atriz voltou a despontar após anos no ostracismo —no bojo do Movimento MeToo, ela denunciou ter sido vítima de assédio por parte do ex-todo poderoso de Hollywood Harvey Weinstein, que boicotou a carreira dela por anos.
"Personagens como a Rosemary são meu ponto fraco", diz a atriz. "Personagens que são meio esquisitos, meio exóticos, mesmo que conectados a uma imagem icônica, apesar de ela não ser nada suave ou perfeita como as mulheres que aspira ser. Ela é engraçada e estranha, tem algo de esquisito nela e isso é a melhor parte para mim. É um projeto único."
"Ela é uma loira com cara de filme dos anos 1950, apesar de ter uma vida nada cinematográfica", explica. "É uma dona de casa abusada pelo marido, que não era um homem bom com ela, que não apreciava o que ela fazia e que a controlava e limitava seus sonhos."
Sorvino revela que não precisou de esforço para parecer aterrorizante na série, já que os sustos dependem muito mais do que a câmera mostra ou deixa de mostrar. "Não tem muito o que fazer além de ficar lá parada e tentar parecer um pouco intimidadora", brinca.
"Ela tem uma obscuridade nela e precisei buscar o lugar onde alguém teria tanta raiva por causa das coisas que aconteceram em sua vida", analisa. "Fui procurar esse lado sombrio dela na minha preparação, embora ela também tenha um lado engraçado, irônico e até fofo."
A atriz conta que se divertiu bastante nas gravações. "Eles me deixaram fazer coisas que eu amo fazer e nunca consigo, como cantar e dançar", comemora. "Tem uma cena mais para o final da temporada com uma sequência maravilhosa de dança comigo e com a Courteney."
"É uma pequena homenagem a Fred Astaire e Gene Kelly", adianta. "Ela vai dançando pela casa brincando com os itens doméstico, como o espanador e a vassoura. Foi bem desafiador para mim, que não sou dançarina. Fiz muitas aulas de dança, anos de balé e vários ritmos, mas foi difícil deixar tudo perfeito para a câmera. Mesmo assim, foi o dia mais feliz das gravações para mim."
Sorvino também responde se acha que Rosemary é de fato uma fantasma ou alguém que só existe na imaginação de Pat. "Quando a estou interpretando, para mim é claro que ela é real real", afirma. "Quando você está fazendo um papel, você precisa acreditar 100% no que está fazendo."
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