'Sintonia' volta para 2ª temporada com trio de protagonistas mais maduros
Série brasileira teve hiato de mais de dois anos por causa da pandemia
Série brasileira teve hiato de mais de dois anos por causa da pandemia
Série brasileira mais popular da Netflix em 2019, "Sintonia" acabou tendo um hiato maior do que esperado entre a primeira e a segunda temporadas. A trama criada pelo produtor musical Kondzilla sobre três amigos que seguem caminhos diferentes na periferia de São Paulo teve novos episódios disponibilizados nesta quarta-feira (27), após mais de dois anos de espera dos fãs.
Os atores, no entanto, garantem que a pausa ocasionada pela pandemia não atrapalhou o trabalho deles. "Na verdade, a gente teve mais tempo para entender os nossos personagens", diz ao F5 Bruna Mascarenhas, que dá vida a Rita na série. "A gente começou a ensaiar e veio a pandemia. Então a gente já estava nesse processo, já tinha pego o roteiro, já tinha começado toda a labuta e o processo intenso que é se conectar de novo com os personagens."
Claro que nem tudo foram flores. Diversas pessoas da equipe, incluindo a própria atriz, perderam pessoas para a Covid-19. Mas isso foi encarado como uma forma dura de aprendizado pelo elenco.
"O que agregou muito nessa volta, nesse amadurecimento até do roteiro da série, foi o nosso próprio amadurecimento", avalia Christian Malheiros, que faz o papel de Nando. "Não teve ninguém que não amadureceu nesse momento de pandemia. Foi um caldeirão de coisas que acabou fazendo com que a gente entregue uma segunda temporada muito mais sólida e coerente."
O importante é que, na hora de gravar, o trio principal estava tão entrosado quanto sempre. "Teve esses poréns, mas é impressionante: a gente pode passar dois anos sem gravar, mas, quando a gente se conecta em cena, tudo flui", garante Mascarenhas.
Nos novos episódios, vemos que cada um dos personagens foi se aprofundando no caminho que escolheu trilhar. Doni (Jottapê) começa a colher os frutos de ter insistido no sonho de virar funkeiro. Ele troca de agente e está bombando mais do que nunca.
"O Doni está nesse processo na carreira dele em que está conhecendo como é ser um artista no auge do funk", adianta o intérprete. "É uma fase muito importante, acho que ele acaba até se deslumbrando em alguns momentos."
"É importante mostrar que o artista pode passar por isso, que tem a possibilidade de realmente subir para a cabeça ou de ele continuar com a humildade dele", avalia. "[A vida do artista] é essa balança, vamos ver quais serão as escolhas do Doni."
Por sua vez, Nando está cada vez galgando mais posições no grupo criminoso que domina o território. "A gente vê que ele já não mora mais na favela, a condição de vida melhorou um pouco, ele começa a pegar altos cargos dentro da organização", conta Malheiros.
"Mas acho que o senso de responsabilidade dele acaba sendo colocado em cheque porque todas as situações que são colocadas acabam gerando uma consequência não só para ele", explica. "O Nando começa a entender o comprometimento que ele precisa ter também com a vida das outras pessoas. É um momento de amadurecimento muito grande."
Enquanto isso, Rita está deixando de ser apenas uma fiel para declarar seu interesse em se tornar cada vez mais envolvida com a rotina da igreja neopentecostal do bairro. "A gente vê ela saindo do banco", diz a atriz. "A temporada mostra ela começando a seguir esse caminho de Jesus."
"Isso interfere em muita coisa porque quando você entra realmente pra valer nesse movimento de seguir a palavra de Deus, sua roupa muda, a forma como você lida com as pessoas, suas escolhas mudam", comenta. "Acho que é um momento de grande transformação e de amadurecimento para a personagem também."
Mascarenhas diz que tem alguns traços parecidos aos da personagem. "O que eu tenho bastante em comum com a Rita é essa vontade de fazer, de realizar coisas", afirma. "A Rita é muito da ação, está sempre buscando coisas para fazer e eu também sou super."
"De diferente, é a nossa história de vida mesmo", compara. "Eu vim de outro lugar, tenho uma família estruturada, que a Rita só teve até determinado ponto, eu tenho suporte da minha família, meus pais continuam juntos."
Jottapê também vê semelhanças com MC Doni. "Tanto o Doni quanto o Jottapê vieram de periferia, os dois têm o mesmo sonho de ser um astro no funk", explica.
"Uma coisa que é importante para mim e acho que para as pessoas que querem seguir a carreira é o lance do apoio dos pais", lembra. O pai do Doni não apoiava esse lance de ele trabalhar com funk, já meu pai sempre me apoiou e esteve comigo. E isso faz total diferença."
Já Malheiros diz que ele e Nando são muito diferentes. "Nós dois somos jovens de periferia, mas eu não caí no mundo do crime", comenta. "O Nando acabou indo para esse caminho. Acho que ele acabou criando uma casca muito dura que eu não tive que criar dessa forma."
"Tem mais coisa diferente do que parecida", afirma. "Uma coisa que nos aproxima é que ele é muito calculista, sabe onde quer chegar e traça o caminho. Eu sou muito assim. E, mesmo com toda a marra, o Nando tem um carisma que também é do Chris (risos)."
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