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Cinema e Séries
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Gloria Groove diz que cultura drag é sua armadura para viver no atual contexto político

Com Alexia Twister, cantora apresenta 'Nasce uma Rainha', que estreia nesta quarta

Alexia Twister e Gloria Groove apresentam o reality 'Nasce uma Rainha', da Netflix

Alexia Twister e Gloria Groove apresentam o reality 'Nasce uma Rainha', da Netflix Divulgação/Netflix

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São Paulo

"A gente avançou, mas ainda precisamos ocupar muitos espaços", afirma Gloria Groove, 25, em conversa com F5, por videoconferência. Conhecida por sua atuação política engajada dentro da cultura drag e no cenário musical há quase seis anos, a cantora assume um novo papel e diz teve como inspiração sua própria mãe.

Groove apresenta o novo título original da Netflix, "Nasce uma Rainha", que terá Alexia Twister, 35, como coapresentadora –o reality estreia nesta quarta-feira (11). Ela conta que apesar do atual contexto político e a forte onda conservadora, não se sente intimidada. "Ser uma drag queen me libertou, mudou a minha vida, me deu um propósito. É como se fosse a minha armadura para viver nesse contexto."

"Quando paro para pensar, me bate essa loucura: 'Eu sou uma drag queen neste país e neste momento'. Apesar de tantos dados alarmantes no meu país, consigo fazer um trabalho que leva a gente em direção a mudança", diz a artista.

Relatório do GGB (Grupo Gay da Bahia), divulgado no primeiro semestre deste ano, aponta que 329 LGBT+ (lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais) tiveram morte violenta no Brasil, vítimas da homotransfobia, em 2019.

É com o mesmo tom de reflexão que o reality dividido em seis episódios com duração média de 40 minutos cada, tem como proposta; a tolerância. Trazendo um personagem diferente a cada episódio, a produção nacional mostra a jornada de autoconhecimento e evolução artística individual dos participantes. Para isso, eles contam com apoio das madrinhas Groove e Twister.

Guardada as devidas proporções, "Nasce uma Rainha" tem dinâmica simular ao reality Queer Eye, que recentemente a Netflix anunciou que produzirá uma versão brasileira da atração americana. E se insere nesse universo cada vez mais amplo de dar voz a drag queens, travestis e transexuais nos espaços culturais.

O mais tradicional deles é o sucesso mundial de RuPaul Charles com seus realities que tem conquistado cada mais um público diverso. No Brasil, Drag Me as a Queen, do canal E!, foi um dos primeiros a entrar nesse universo com apresentação das drag queens Penelopy Jean, Rita Von Hunty e Ikaro Kadoshi.

"Eu não tenho receio de ser comparada com a RuPaul, porque é uma honra. Ela é a maior, é um divisor de água para a cultura drag, então o menor dos meus problemas vai ser a comparação", brinca Groove sobre possíveis comparações entre as duas atrações.

Em "Nasce Uma Rainha", Groove e Twister também abordam a importância das madrinhas na vida de uma drag queen. Compartilhando dicas, vivências e truques "mágicos", as duas mostram não só a trajetória profissional, mas também a busca pessoal da autoaceitação e do apoio familiar –que, em muitos casos, são rejeitadas pela família.

Ao entrar nesse ponto, Groove conta que diferentemente da maioria das drags, o início da sua jornada foi um pouco solitária. "Comecei a me montar em 2014, naquela época em que RuPaul era uma grande febre. A minha primeira amiga drag foi a internet, foi até um pouco solitário. Eu via os vídeos, comprava as minhas coisas, a presença das madrinhas só foi acontecer em 2015, quando comecei a divulgar meu trabalho."

Groove também afirma que conhece Twitter há pelo menos cinco anos, quando ela participou de seus primeiros videoclipes, como "Dona" e "Império". Elas não escondem a admiração uma pela outra e afirmam que essa parceria resultou em uma sinergia que será notada pelo telespectador. "O nosso casamento foi potente em frente as câmeras", diz Groove.

Veterana do cenário drag paulistano, Alexia Twister, conta que sua experiência de bastidores das boates LGBTQI+, possibilitou que perspectiva distinta dentro do programa. "Sou de outra época, era coisa de aprendiz. Tinha que encontrar uma drag que topasse te ensinar como era a maquiagem, o processo, os shows ao vivo. Mas eu aprendo muito com as drags mais novas, o aprendizado não termina só porque você tem 69 anos de carreira", brinca

Twister diz ainda que e linguagem do programa foi uma novidade para ela. "O mais interessante é utilizar as nossas experiências. É impossível ser drag sem passar por esse lugar de se redescobrir, e de quebrar alguns paradigmas no que é conhecido como 'o que é de menina, de menino' e tudo mais."

Perguntadas sobre a representatividade drag nas mídias, Alexia Twister e Gloria Groove compartilham da mesma opinião: "o processo é lento, mas segue firme". "Ressaltar o feminino é uma coisa relativamente nova, e mega importante. A arte drag usa o feminino para expressar a arte, mas também amplia, a gente discute papéis sociais. E isso é necessário, estamos caminhando", diz Twister.

Nasce Uma Rainha

  • Quando Quarta-feira, 11 de novembro
  • Onde (Netflix)
  • Classificação Estio de vida, Programas e séries brasileiras, Reality shows
  • Elenco Gloria Groove, Alexia Twister
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