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'Em Segunda Chamada', Paulo Gorgulho diz que recorda de sua docência na Fundação Gol de Letra

Ator volta à Globo após 16 anos na série que estreia nesta terça (8)

Jaci (Paulo Gorgulho), da série 'Segunda Chamada', da Globo

Jaci (Paulo Gorgulho), da série 'Segunda Chamada', da Globo Mauricio Fidalgo/TVGlobo

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São Paulo

Galã na década de 1990, Paulo Gorgulho, 60, está de volta à Globo após 16 anos longe da emissora. O ator interpreta Jaci, diretor de uma escola para jovens e adultos da série “Segunda Chamada”, que estreia nesta terça-feira (8).

Quando recebeu o convite da diretora, Joana Jabace, para participar dos testes, o ator não imaginava que tinha tanto em comum com o personagem. Na vida real, Gorgulho está envolvido diretamente com o tema da educação há pelo menos 40 anos.

Ele já atuou na alfabetização de jovens e adultos pelo método Paulo Freire e foi um dos primeiros professores da Fundação Gol de Letra, idealizada pelos ex-jogadores Raí e Leonardo. Além disso, há cerca de 20 anos o ator é colaborador do Instituto André Franco Vive, que oferece educação a jovens carentes do Jardim D’Abril, no extremo da zona oeste de São Paulo.

A diretora educacional do instituto é Vânia Gnaspini, esposa de Gorgulho, a quem o ator pediu conselhos para desenvolver a personalidade de Jaci. “Ela me deu muitas dicas e leu o texto comigo.”

Gorgulho afirma que essa experiência anterior foi importante para a construção do personagem, já que a proposta de “Segunda Chamada” é mostrar o cotidiano da educação de forma bem realista —até por isso a produção tem sido comparada à série “Sob Pressão” (Globo), que retratou o dia a dia de um hospital público no Rio de Janeiro. ​

“Nenhum conflito, nenhum episódio que está na série é fictício. Tudo o que está no programa —com exceção de um evento — o Instituto André Franco viveu na comunidade. E esse episódio que não aconteceu lá ocorreu em outras unidades”, diz.

Carla Faour e Julia Spadaccini, autoras da série, também conheceram de perto o trabalho do instituto e visitaram uma escola pública que trabalha com a modalidade EJA (Educação de Jovens e Adultos) no bairro em que a entidade atua.

Na história, Jaci é responsável por comandar a fictícia escola estadual Carolina Maria de Jesus, situada na periferia de São Paulo, que oferece ensino para pessoas de 17 a 70 anos. Os 11 episódios foram, em sua maioria, gravados em uma escola real do Morumbi (zona sul), que está abandonada há cerca de dez anos.

A equipe de cenografia da Globo fez reparos no imóvel, mas o aspecto geral de degradação foi mantido. “A série é absolutamente calcada na realidade e na precariedade que a gente vive”, afirma Gorgulho.

Para o ator, o maior desafio que um diretor da EJA enfrenta atualmente em uma escola de periferia é o combate à evasão escolar, algo comum especialmente no período noturno. Outro grande desafio, ele diz, é manter os professores motivados.

“O professor é uma figura heroica, mas é muito pouco valorizado, pouco incentivado, pouco reciclado e tem salários defasados. A gente deveria enaltecer sempre o professor”, afirma.

Apesar das semelhanças que têm com o personagem, Paulo Gorgulho diz que o diretor Jaci é muito mais pragmático que ele. “Eu procuro encarar a vida sempre como uma poesia. Já ele tem que ir para o lado prático, de resolver ali e agora. Foi um desafio legal me colocar nesse lugar.”

Sobre seu retorno à Globo, o ator conta que foi “muito bem recebido” na emissora. Ele pondera, contudo, que foi contratado para atuar apenas em “Segunda Chamada”.

O último trabalho de Paulo Gorgulho na Globo havia sido na novela “Agora É que São Elas”, de 2003. Ele ficou 14 anos na TV Record, e sua última participação na emissora paulista foi na novela bíblica “Jesus” (2018).

Completam o elenco de “Segunda Chamada” as atrizes Débora Bloch, Thalita Carauta e Hermila Guedes, o ator Silvio Guindane, entre outros artistas.

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