Cinema e Séries

Apaixonada pelo Brasil, francesa Alli Willow representa o país em 'Bacurau' e 'O Escolhido'

Francesa defendeu cinema brasileiro no festival de Cannes

A atriz francesa Alli Willow - Jorge Bispo/Divulgação
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São Paulo

A atriz francesa Alli Willow, 29, escolheu o Brasil para viver e formar a sua carreira de atriz. Após cinco anos de batalha e testes –um deles na novela “Velho Chico” (Globo, 2016), ela viu as portas se abrirem, e um grande papel surgiu. Ela está no elenco do premiado longa “Bacurau”, de Kleber Mendonça Filho, que lhe serviu de passaporte para outras produções, como “O Escolhido”, da Netflix.

Willow, que já se considera brasileira, defende o seu novo país com unhas e dentes. Ela conta que deixou a França muito nova e sempre foi envolvida em artes visuais. "Cheguei a fazer alguns musicais no espaço Pierre Cardin, após estudar o gênero, mas logo depois fui para os Estados Unidos estudar atuação. Sempre tive uma grande paixão pela câmera”, conta. 

Na escola Lee Strasberg, em Nova York, Willow fez amigos brasileiros. “Eles foram relações decisivas na minha vida social no Brasil. Minha escolha de morar no país foi uma espécie de amor à primeira vista, misturado a uma forte intuição”, disse a atriz.

Depois de passar por diversos testes, incluindo um no papel de uma francesa para a novela “Velho Chico”, Willow passou pela produção do filme “Bacurau”, com Sonia Braga no elenco. Um ano depois do teste, ela se viu em uma mesa com os diretores do filme, Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles.

“Bacurau” vai estrear no Brasil em 29 de agosto, depois de circular pelos principais festivais de cinema do mundo. A produção venceu o prêmio do júri em Cannes, e venceu o Festival de Munique de melhor filme internacional.

Para Willow, essa produção foi o seu passaporte para outros convites. “Acredito que há momentos propícios para a carreira deslanchar e que este filme foi a porta de entrada para essa nova fase. Além de me oferecer mais segurança, como atriz, pela experiência e pela personagem de composição, os diretores me indicaram para outros trabalhos”, afirma a atriz. 

Como francesa, Willow viveu a ironia de defender o Brasil na sua terra natal. Ela percorreu em maio o tapete vermelho no Festival de Cannes, onde o longa foi aclamado. “Tive uma sensação de muita esperança e felicidade em ver o cinema nacional sendo tão elogiado e resistindo a momentos desafiadores. Poder pisar no red carpet representando o Brasil, uma outra cultura, diferente da minha nativa, ao lado de pessoas de realidades tão distintas, que participaram do filme, foi, sem dúvida, fantástico. De arrepiar!”, afirma a atriz. 

Logo depois disso, a francesa foi parar no meio da Amazônia para gravar o suspense sobrenatural “O Escolhido”. “Gravar no coração do Brasil foi uma imersão intensa e esclarecedora sobre aspectos da história brasileira. A cidade ainda tem vestígios da era escravocrata, que deixam a energia densa e pesada, apesar do povo ter nos acolhido com muito carinho. O contato com a natureza e a simplicidade foi apaixonante”, conta a atriz. 

E em “Bacurau”, Willow mergulhou na cultura nordestina. “Bacurau é um filme sobre resistência brasileira. A essência pura da cultura nordestina que sobrevive com tanta escassez e, mesmo assim, consegue canalizar tudo em arte política e, às vezes, polêmica”, conta a atriz.

Para ela, o filme é considerado uma obra de arte “por enxergar de uma maneira revolucionária o povo do sertão Nordestino. Povo que, apesar da falta de estrutura, consegue vibrar arte e criatividade”, avalia.

O próximo trabalho de Willow é o longa “Três Verões” em que ela vai interpretar uma americana, namorada do personagem do ator Daniel Rangel. O longa deve chegar aos cinemas ainda este ano e tem como protagonista a atriz Regina Casé. 

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