Cinema e Séries

Atores de 'O Escolhido', da Netflix, afirmam que 'sentiram energia estranha em certas cenas'

Suspense sobrenatural fala de imortalidade e extremismo religioso

Paloma Bernardi em cena
Paloma Bernardi em cena - Emiliano Capozoli/Netflix
  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

A imortalidade e os perigos do extremismo religioso são alguns dos pontos abordados no suspense “O Escolhido”, que estreou na Netflix na última sexta (28). Com Paloma Bernardi como protagonista, a série nacional dá arrepios no público e nos atores ao retratar a vida de um povoado de uma região inóspita que é controlado por um líder religioso.

Inspirada na produção de TV mexicana "Niño Santo", a história se passa na fictícia Aguazul, região do Pantanal em Mato Grosso do Sul, mas foi gravada na cidade de Natividade, no Tocantins –muitas vezes à noite e com chuva.

Os atores moraram por um tempo isolados na região pouco iluminada e cercada de aranhas e carrapatos. "A natureza foi a nossa casa, e é a grande personagem da série. E as crianças, idosos e adolescentes que aparecem nas cenas são os moradores da própria cidade. Por isso a gente viveu o dia a dia deles", diz a atriz.

Paloma  Bernardi vive a médica Lúcia. Ela chega na região acompanhada dos colegas Damião (Pedro Caetano) e Enzo (Gutto Szuster). A missão deles é vacinar toda a população contra uma mutação do vírus zika, mas eles são totalmente hostilizados pela comunidade que vive isolada. Com o tempo, os médicos descobrem que todos são liderados pelo Escolhido que, por algum motivo, faz com que os moradores da comunidade viam sem doenças e em plena saúde.

"Ele é tido como alguém que foi escolhido por Deus para governar essa comunidade, que é regida por valores conservadores, machistas e racistas. Quando os médicos chegam, todos eles vão precisar lidar com o encontro com a diferença, porque será a primeira vez em que a comunidade será exposta", explica Renan Tenca, que interpreta o Escolhido.

Entre os líderes da comunidade estão Mateus (Mariano Mattos Martins) e Zulmira (Tuna Dwek), que defendem o Escolhido com unhas e dentes. "Nós temos muito medo de morrer por causa do modo como vamos morrer. Nessa comunidade, eles escolhem quando vão morrer, e isso parece mágico. Por outro lado, é o Escolhido que decide como eles devem viver”, revela a atriz Tuna Dwek, que interpreta Zulmira.

Os atores afirmam que se sentiram totalmente imersos nesse clima de mistério. "Tem uma igreja que começou a ser construída pelos escravos e as ruínas ficaram lá, e as pessoas ouvem vozes naquela igreja. Essa convivência já foi uma riqueza absurda", conta o ator Pedro Caetano. 

A história real do lugar também tocou o elenco. Natividade teve seu auge na mineração do Brasil e sabe-se que cerca de 40 mil escravos viveram lá. "É uma cidade que tem uma carga energética muito forte e repleta de lendas próprias que habitam ali e que têm tudo a ver com o universo da série", afirma o ator Mariano Matteus.

"As casas e as senzalas onde as cenas se passam trazem cicatrizes da nossa história e é algo que a direção de arte da série tirou proveito", completa Tenca. O ator Gutto Szuster afirma que não chegou a sentir medo, mas revela que sentia uma energia estranha em certas cenas.

"É um lugar que carrega uma parte macabra da nossa história e, literalmente, gravamos em uma senzala. No meio da praça foi uma cadeia, as grades estão lá. Isso já diz muita coisa sobre a energia do local", explica Caetano.

Paloma Bernardi diz que sentiu alguns arrepios em alguns momentos da gravação, como nas cenas de dentro da igreja onde as velas começaram a pegar fogo do nada. "Pensei: ‘Nossa algo sobrenatural está realmente acontecendo aqui’."

Estar distante de tudo é outro motivo de sentir arrepios. A atriz Tuna Dwek conta que foi preciso pegar estradas de terra de 80 a 100 km e comer muito pó para chegar até a região. "O cinema tem a coisa do prazer de sentir medo, e o público sente isso durante os filmes, mas quando acendem as luzes da sala, eles estão no conforto de suas poltronas. Lá não, a gente não tem essa proteção. Tem um monte de gente em volta, mas ruas são bem escuras. Tem uma adrenalina presente o tempo todo", conclui Dwek, que ainda destaca a beleza do lugar. "É uma natureza intocada e estonteante." 

 
Final do conteúdo
  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Ver todos os comentários Comentar esta reportagem