Filme 'Christopher Robin', com a turma do Ursinho Pooh, deve sensibilizar mais adultos que crianças
Novo longa da Disney estreia nesta quinta (16) nos cinemas brasileiros
Apesar de se apoiar na imagem infantil do personagem Ursinho Pooh (Puff), o filme “Christopher Robin - Um Reencontro Inesquecível”, que acaba de estrear nos cinemas, é uma aposta da Disney em abordar dilemas adultos de forma lúdica.
O live-action, dirigido por Marc Forster (“007 Quantum of Solace”), trata das tristezas de crescer, da automação do dia a dia e da perda da individualidade. A história, em tom melancólico, é contada em uma nublada Londres.
Nela, o executivo Christopher Robin (Ewan McGregor) cresce sem pai, vai à guerra e se vê cada vez mais afastado de sua esposa e filha por conta do trabalho. Em crise, reencontra os amigos de infância Ursinho Pooh (voz de Jim Cummings), Leitão (Nick Mohammed), Ió (Peter Capaldi) e Tigrão (Chris O’Dowd), com quem costumava brincar no Bosque dos Cem Acres.
Com humor muitas vezes trágico, vindo especialmente das falas do "ursinho bobo" e de Ió, o filme fala sobre valorizar o dia de hoje e se reconectar com o que resta da infância no interior de cada adulto. Ao final, ele reflete sobre a importância de simplesmente não fazer nada.
“É um filme super atual, que fala do nosso processo de evolução. [...] As falas de Pooh transmitem muitas mensagens, como a do final, em que ele diz que ‘o amanhã é muito pesado’. Ele está falando da doença que nós temos, que é a ansiedade”, avalia a psicóloga Débora Rodrigues, em uma análise do filme. “A névoa das cenas representa o momento em que o adulto perde a clareza porque está submerso em problemas”, completa.
Forster, diretor da produção, conta que a filha de seis anos foi quem o estimulou a este projeto. Entretida com o desenho do Ursinho Pooh, em um avião, a menina o questionou: “Por que você não faz um filme para mim? Todos os seus são sombrios”.
Achando graça, o cineasta sugeriu que poderia pensar em um com a turma do mesmo Pooh, criada pelo escritor A.A. Milne (1882-1956). “Três anos depois, aqui estou”, ri, em entrevista à reportagem. “Mas criamos uma história original.”
O produtor Brigham Taylor (“Piratas do Caribe”) já cogitava levar o personagem aos cinemas desde 2001, quando viu o ursinho hiper-realista de “A.I. Inteligência Artificial”. O conceito coincidiu com o sucesso da Disney ao transformar animações como “A Bela e a Fera” em filmes com atores em carne e osso.
Após revisões de roteiro, o projeto saiu do papel. “Qualquer um que precisa passar um tempo longe da família para o bem dela mesma vai se identificar”, diz McGregor, que faz Christopher Robin.
O longa rendeu o equivalente a R$ 250 milhões em dez dias em cartaz. E foi proibido na China, supostamente por opositores compararem a figura redonda de Pooh à do presidente Xi Jinping. O estúdio credita o banimento ao limite de filmes ocidentais impostos no país.
A Disney tem investido nas produções live-action e, depois de "Mogli - O menino lobo" (2016), “A Bela e a Fera” (2017) e "Christopher Robin” (2018), se prepara para lançar o clássico "Rei leão" em 2019.
Comentários
Ver todos os comentários