Dono do Copacabana Palace trazia amigos de Hollywood para o baile de Carnaval
Festa de gala foi frequentada por Brigitte Bardot e Orson Welles
O primeiro dos bailes de carnaval do Copacabana Palace aconteceu seis meses após a inauguração do hotel, no Carnaval de 1924. Graças à influência do dono do espaço, o empresário Octavio Guinle (1886-1968), o baile nasceu já como a representação mais luxuosa e sofisticada da festa brasileira, atraindo a alta sociedade carioca e diversas estrelas internacionais.
Rivalizando com o Theatro Municipal pelo título de baile mais concorrido do país, a festa do Copacabana Palace tinha ingressos reservados com um ano de antecedência.
Os salões do Copa receberam celebridades de Hollywood e do cinema italiano como as atrizes Gina Lollobrigida, Kim Novak, Rhonda Fleming, Ginger Rogers (1911-1955) e o cineasta Orson Welles (1915-1985), todos parte do círculo de amigos de Guinle.
Algumas histórias dessa primeira fase dos bailes incluem a atriz Brigitte Bardot como jurada de um concurso de fantasias na edição de 1964 e Jayne Mansfield (1933-1967), símbolo sexual dos anos 1950 e tida como principal concorrente de Marylin Monroe, que teria causado sensação quando a alça de seu vestido se soltou no baile de 1959.
Quase 50 anos depois do baile inaugural, em 1973, a popularização das escolas de samba tirou parte do brilho dos carnavais de salão, e o Copacabana Palace decidiu não realizar mais seu baile de elite. A festa só foi retomada duas décadas depois, em 1993.
E como se manter atual? “Todo ano é um espetáculo, é um momento de muita alegria. O tempo todo tem atrações acontecendo, nos diferentes salões. Parece um parque de diversões, misturando pessoas que vem há anos com aqueles que estão participando pela primeira vez”, diz a atual diretora-geral do hotel, Andréa Natal.
MÁSCARA DE VENEZA E MODA DE MILÃO INSPIRAM CENÁRIO
O Copacabana Palace já teve a cara da Rússia, da China, do Japão, da Índia e da França, entre outros países. Neste ano, os salões Frontais, Nobre e Golden Room do hotel vão incorporar o vermelho, verde e branco da bandeira italiana.
“Nosso tema é o ‘Dolce Carnevale’. Os italianos gostam de festa, têm muito a ver com os brasileiros. Eles gostam de comer bem, de uma bela mesa. Foi essa conexão que nos deu o clique de que nunca havíamos homenageado a Itália e já estava na hora”, diz Natal.
O décor deve incluir uma volta pelo país europeu. Milão, Piemonte, Toscana, Veneza, Roma, Nápoles e Siracusa terão elementos representados na decoração ou na comida. Isso inclui uma trattoria napolitana, um mercado de peixes de Siracusa, uma passarela de Moda de Milão, com direito a decoração de limões sicilianos, uma “Mamma” servindo massa feita na hora e, claro sorvete.
“Não seria uma festa italiana sem o gelato”, afirma Mário Borriello, responsável pela cenografia e decoração da festa.
Já o luxuoso mármore italiano passa longe do salão. Se a decoração transpira luxo, os materiais usados se assemelham muito aos das escolas de samba.
A escultura que homenageará o cineasta Federico Fellini (1920-1993), por exemplo, será de de isopor empastelado pintado, como os bonecos de carros alegóricos.
“Eu estou aqui para fazer magia, eu tenho que transformar, iludir. Levar as pessoas numa viagem em que tudo seja luxuosíssimo, douradíssimo, riquíssimo. Minha proposta como cenógrafo de Carnaval é convidar para o sonho”, explica Borriello.
Isso não significa que é uma festa barata. Borriello não revela quanto custa para transformar os três salões e duas varandas do Copa na representação da Itália, mas resume bem: é caro.
Os shows são tão variados quanto os cenários --e igualmente inspirados na Itália. Na entrada, um grupo de dançarinos fará uma grande tarantela. Um cantor trará as músicas contemporâneas e um violinista, as clássicas.
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