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Celebridades

Rita Lee, que faria 77 anos, inspira jovem drag queen: 'Ilumina e protege'

Elke Jones, criada por Arthur Diniz, faz ensaio de fotos para celebrar data, no dia em que a roqueira comemoraria seu aniversário

A imagem mostra uma mulher em pé, com as mãos na cintura, usando um vestido drapeado de cor clara. Ela tem cabelo longo e vermelho, e está olhando para a câmera com uma expressão confiante. O fundo é branco.
A drag queen Elke Jones com figurino da época de 'Lança Perfume', de Rita Lee - Larissa Baldissera/Divulgação
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São Paulo

Quando Rita Lee morreu, o aderecista Arthur Diniz foi ao velório e ouviu um pedido da irmã da cantora. Emocionada, Virgínia Lee aconselhou o jovem de 21 anos a continuar as apresentações como Elke Jones, uma drag queen que mistura Elke Maravilha e a roqueira.

"Ela disse que a Rita estaria iluminando meus caminhos na vida artística", conta, ao lembrar o encontro no planetário do parque Ibirapuera, onde centenas de fãs se despediram da cantora que é a mais completa tradução de São Paulo.

Rita, que faria aniversário neste 31 de dezembro, nunca mais saiu da rotina do artista. Arthur já fez vários shows montado como a cantora e confeccionou adereços do espetáculo "Rita Lee - uma autobiografia musical", com Mel Lisboa, entre eles a cachorra que era best friend da artista, a maconha usada na cena com a polícia, o chapéu da época da banda Tutti Frutti e o inacreditável colar de LSD.

Precoce, Arthur virou fã de Elis Regina aos 8 anos de idade. Ouviu todos os álbuns da artista, leu livros e descobriu a histórica visita feita pela Pimentinha a Rita Lee quando a segunda foi presa por porte de maconha, grávida e em plena ditadura militar.

A partir da "apresentação" feita por Elis, ele virou fã das músicas, dos figurinos e da postura transgressora de Rita. Aos 11 anos elegeu "Mamãe Natureza" como seu hino de liberdade para a adolescência.

Começou, então, um relacionamento à distância com a ídola. Mandava cartas de amor, desenhos e refletia sobre a falta de representação da cantora no universo LGBTQUIA+. Aí nasceu Elke Jones.

"Comprei uma peruca vermelha e pintei uma bota de prata. Sai de Ribeirão Preto para estrear minha drag em São Paulo, no palco do Studio SP, na rua Augusta, em uma apresentação com o bloco Ritaleena", conta.

A roqueira foi comunicada sobre o nascimento da "filha" drag, na última carta enviada pelo jovem artista, que chegou acompanhada por uma foto. Rita não respondia às correspondências, mas Arthur soube, por outras fontes, que ela gostou da homenagem.

Já trabalhando no musical, ele conheceu Roberto de Carvalho, músico e viúvo de Rita, e os dois trocaram impressões sobre o poder dela na vida de ambos. Arthur acredita que a cantora abre portas para a sua carreira. "Estou no processo de entender quem sou e o que sobrou de mim após toda essa situação", declarou Roberto após a morte, revelando a simbiose com a mulher.

Rita já estava aposentada e reclusa quando Arthur se apaixonou e, portanto, ele não teve a chance de assistir aos shows de quem tanto idolatrava. Uma pena. Ele amaria.

"O que me conforta é que de vez em quando ela aparece nos meus sonhos, dá dicas e até ideias de figurino", conta o estudante da SP Escola de Teatro. "Penso muito na energia dela no dia 31 de dezembro e na virada do ano. Acredito que ela deixou uma estrela no meu coração, que ilumina e protege".

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