Patrícia Poeta se engaja na luta pelo fim da violência contra a mulher: 'Precisava fazer alguma coisa'
Apresentadora faz programa especial com plateia formada por mulheres sobreviventes
Patrícia Poeta está cada vez mais envolvida na luta pelo fim da violência contra a mulher. Nesta segunda-feira (25), a apresentadora fez de seu programa Encontro um palco de discussão sobre o tema.
A plateia do programa foi composta apenas por sobreviventes de violência. Duas delas relataram suas vivências de mais de vinte anos em relacionamentos abusivos. O programa também contou com as participações da promotora Valéria Scarance e da cantora Naiara Azevedo.
Em conversa com o F5, que acompanhou os bastidores do programa, Patrícia Poeta contou porque decidiu dar enfoque no tema. Ela afirma que, nos últimos dois anos, desde que assumiu o Encontro, vem se deparando com notícias cada vez mais chocantes de casos de feminicídio e violência.
"Quando penso que já vi de tudo, só piora. É corpo na geladeira, facada, marretada, assassinato em plena luz do dia na 25 de março. É muita crueldade. Eu precisava fazer alguma coisa, não posso só noticiar", contou.
"A ONU Mulheres divulgou hoje que uma mulher é assassinada a cada 10 minutos pelo seu parceiro íntimo. É uma loucura isso. O perigo está dentro de casa, exatamente no lugar de onde deveria vir carinho e acolhimento", diz Patrícia.
O programa exibiu ainda uma reportagem em que a apresentadora visitou um abrigo sigiloso para vítimas de violência. Entre as histórias relatadas, havia a de uma mulher que foi salva do marido pela filha de 12 anos, que pediu socorro para a professora. "Ela passava o dia na escola pensando se, quando chegasse em casa, eu ainda estaria viva", conta a vítima.
RESPONSABILIDADE SOCIAL
Para a apresentadora, dar enfoque em um tema tão urgente e voz às vítimas é mais do que seu trabalho como comunicadora, é questão de missão e responsabilidade social.
"Aí você vê todas as mulheres que eu mostrei no abrigo. Uma perdeu um dente, outra perdeu o nariz, precisou reconstruir em cirurgia. Outra estava grávida, levou chute, a bolsa rompeu, outra vivia em cárcere privado, o homem não a deixava sair", lembra.
"Enquanto eu estiver aqui nessa vida, o que eu posso fazer para ajudar essas mulheres? É uma causa em que quero estar cada vez mais presente. Ninguém é dono de ninguém, homem nenhum é dono de mulher", pontua.
Patrícia afirma ainda que muitas dessas vítimas desconhecem seus direitos. "Como comunicadora, acho que tenho a missão de mostrar para essas mulheres os direitos que elas têm, os serviços aos quais elas podem recorrer", diz.
FIM DO CICLO
O desafio de encaixar uma pauta tão dura em um programa de entretenimento matinal foi solucionado com o enfoque na reconstrução e recuperação dessas vítimas.
"Hoje eu mostrei duas mulheres que ficaram 20 anos em relacionamentos assim, mas elas se libertaram, foram estudar e aprender uma profissão, estão trabalhando e estão livres. A gente fala do problema e fala sobre como sair dele. Tem luz no fim do túnel, tem vida pela frente", diz.
"Se uma mulher me escutou hoje, se a gente conseguiu salvar pelo menos uma vida, a missão foi cumprida", conclui.
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