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Taylor Swift: repórter vira 'swiftie' por um dia e descobre que fãs a protegem da imprensa

Adoradores da pop star ajudaram a despistar jornalistas para que ela não fosse incomodada em sua chegada ao Rio de Janeiro

Taylor Swift durante show da The Eras Tour - Cassidy Araiza/The New York Times
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Rio de Janeiro

Preciso confessar que Taylor Swift nunca fez parte da minha playlist. Na verdade, conheço alguns hits como 'Change' e 'Shake it Off' —quando eu digo "conheço" é no sentido de saber que existe; no máximo, dou uma cantarolada, se tocar no rádio. Por isso eu era uma estranha no ninho nesta quinta-feira (17), na porta do Hotel Fasano, em Ipanema.

Era lá que ela se hospedaria mas eu perdi o momento em que a cantora entrou no hotel. Sabe por quê? Só depois fui saber que existe um acordo entre fãs de não colaborarem com a imprensa em situações como essa. O nível de idolatria é tão grande que eles a ajudam a despistar os jornalistas, esses chatos. Então, malandramente, swifties mais ligados à causa, digamos assim, fizeram correr a informação de que ela ficaria no Copacabana Palace.

Minha saga começou por volta de 12h e passei, à toa, umas duas horas no Copa. Havia outros jornalistas, também atraídos pela suposta notícia divulgada nas redes, de que ela ficaria lá. Tentei me passar por uma fã de Taylor para tentar entender o que se passa na cabeça deles, e comecei a desconfiar que havia algo errado quando percebi que só havia uma meia dúzia de gatos pingados à sua espera em Copacabana.

O Fasano era a outra opção, também instalara grades de segurança. Mas às 13h30 recebi fotos mostrando que ainda estava vazio em frente ao hotel. Era mais forte o rumor de que ela se hospedaria no Copacabana Palace, por isso decidi continuar por lá.

Por volta de 14h30, uma swiftie com quem havia puxado papo veio me avisar, já saindo apressadamente: "Ela está no Fasano, amiga. Estamos indo para lá". Pedi um Uber e mandei aquela frase de filme: "Correeee!". Copacabana e Ipanema são bairros vizinhos, e os hoteis ficam a cerca de três quilômetros de distância um do outro. Cheguei em menos de cinco minutos, e a essa hora, pouco antes das 15h, cerca de uma centena de swifties já se espalhava pela avenida Vieira Souto, em frente ao hotel.

Sob um sol inclemente de 42 graus, o pessoal nem buscava sombra. Era importante ficar num bom ângulo para clicar a deusa soberana com o celular caso ela aparecesse na janela. Me juntei a um grupo de swifties assim que cheguei, e logo um deles me perguntou: 'Trouxe pulseira de amizade para trocar?'.

Trocar pulseiras de miçangas com os nomes das músicas e dos álbuns de Taylor é um costume entre os swifties, que, assim estabeleceriam um elo de amizade, uma conexão entre eles. O fato de eu não ter uma delas foi uma falha grave na construção dessa minha persona. Senti que perdi um pouco da legitimidade ao não usar nem ter uma para trocar, mas vida que segue.

Os assuntos nas rodinhas que se formavam iam do parcelamento em dez vezes no cartão para pagar certas dívidas relacionadas ao show às mentiras que tiveram de contar no trabalho para conseguirem estar ali. Falar sobre o novo namorado de Taylor, o jogador de futebol americano Travis Kelce, parece dar uma satisfação especial aos seus fãs.

"Finalmente ela está com alguém que não é um traste", sentenciou uma delas, ajeitando suas pulseirinhas enquanto falava. "Ela está apaixonadinha", comenta outra. Taylor, alguém lembra ali, já namorou Jake Gyllenhaal, Joe Jonas, Taylor Lautner e Zac Efron, entre outros. A impressão que tenho é que os fãs da cantora "fazem gosto" para este relacionamento —assim como seus parentes, segundo uma expert ali presente. 'É o único namoro que a família aprovou de cara', comentou, cheia de si, uma swiftie.

O papo continua, alguns cantam os sucessos da loirinha quando, de repente, não mais que de repente, abre-se o portão do hotel. Oh! Dois carros pretos embicam em direção à rua. "É ela!", avisa uma moça, a única com coragem para chegar perto do carro, com vidros escuros. Atrás de mim, uma menina de uns 20 anos chora. Eu corro atrás do carro junto a outra swiftie (sim, eu já estava me considerando uma), dou tchauzinho, grito "Taylor! Taylor!". Tento chamar sua atenção. Em vão.

Assim que foi possível, o motorista acelerou e deixou todos para trás, pegando a pista da Vieira Souto em direção a Copacabana. Taylor não interagiu, ignorou os swifties que estavam à sua espera, empapados de suor no até então dia mais quente do ano no Rio de Janeiro. Mas e daí? O programa de quase todos na porta do hotel era estar de volta no dia seguinte, felizes e contentes. Vida de fã é assim.

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