Taylor Swift, eu fui! Fãs lembram a luta por um ingresso em 2012
Para dificultar as coisas, a apresentação para divulgar o álbum 'Red' era fechada para convidados; disputa resultou em dente quebrado e até fuga de casa
O que você faria por um ingresso para o show da Taylor Swift? Muita coisa. Fãs, naquela clássica cena que precede os espetáculos dos grandes pop stars internacionais, comem o pão que o diabo amassou em filas presenciais.
Desta vez, com direito a questionário para certificar que a pessoa é mesmo devota da cantora. Só na última semana, mais de dois milhões de pessoas aguardavam por um sinal de OK para inserir os dados de seu cartão no site que vende os bilhetes, numa loooonga fila de espera virtual.
Os swifties, como são chamados os leais e apaixonados admiradores da cantora, têm um motivo a mais para tanta ansiedade: ela está longe de ser arroz de festa por aqui. Taylor veio ao Brasil uma única vez, em 2012, para um pocket show (bem pocket mesmo), de cerca de 30 minutos.
Ela esteve no país para divulgar o álbum "Red" numa apresentação no Rio fechada para convidados. Na época, parte dos ingressos foi disponibilizado para os fãs apenas por meio de promoções de rádios ou editoras.
Em conversa com o F5, alguns desses guerreiros contaram como foi a batalha pela entrada e o que lembram da apresentação —com direito a vergonha alheia de Paula Fernandes. Reinaldo Costa, hoje com 28 anos, conta que os áureos tempos de adolescente nem-nem (nem estuda nem trabalha) lhe permitiram ficar horas e horas de tocaias, fazendo o que a rádio parceira do show impôs como condição.
Toda vez que alguma música de Taylor começasse a tocar, ele deveria ir ao Twitter da empresa e mandar uma mensagem. Dito e feito. "Depois dessa experiência, eu não aguentava mais escutar essa rádio. Até hoje fico enjoado só de ouvir 'Wigle', do Jason Derulo, que era uma das músicas bombantes da época". Ele conseguiu dois ingressos.
Os vencedores se encontraram na sede da emissora, em São Paulo, em 13 de setembro de 2012 para irem ao Rio de Janeiro, onde o show foi realizado. Ele chegou afobado, suado e com o dente da frente remendado. Culpa da ansiedade, que o fez comer amendoins sem parar na noite anterior. Mordeu com muita força e, plaft!, abriu-se uma janelinha na boca de Reinaldo. Reinaldo passou a madrugada indo atrás de dentistas, até que um amigo de seu pai o atendeu bem cedinho, uma hora antes do embarque.
"Só respirei quando sentei no ônibus, mas fiquei quase o tempo todo com a boca fechada porque não podia forçar o dente. A apresentação foi bem rápida e fiquei com muito dó da Paula [Fernandes] porque ela tentou cantar 'Long Live' [parceria das duas cantoras] em português, mas a plateia cantou em inglês. Eu tentei ajudá-la, mas não teve como", lembra.
O ingresso do show, assim como os registros de todos os momentos —uma foto na frente do prédio da rádio, a viagem de ônibus e a posição no Citibank Hall— estão muito bem guardados. Reinaldo, peninha, ainda não conseguiu garantir presença em nenhuma das apresentações deste ano, que devem ocorrer em novembro. "Se não conseguir nada, vou voltar à minha época de adolescente doido e participar das promoções de novo. É o jeito", diz.
Já para Glenda Mello, a sorte veio por meio da paixão por literatura. Então com 14 anos, ela participou de uma competição de uma editora com foco no público infantojuvenil e precisou fazer um texto relacionando a norte-americana a algum personagem de livro.
"Eu lembro que gritei e chorei muito quando saiu o resultado. Como ganhei um par de ingressos, levei minha mãe. E tem uma história engraçada: uma hora ela foi buscar água e ajudou a Kamilah Marshall, umas das backing vocals da Taylor que trabalha com ela até hoje, a comprar uma esfirra. Como ela não falava português, não estava muito à vontade."
Sobre Paula Fernandes, ela fala que na época ficou com muita raiva da brasileira por "estragar a música", pois sempre quis escutar "Long Live" ao vivo, experiência que foi, segundo ela, prejudicada pela brasileira.
Outro momento marcante foi quando encontrou a mãe da cantora, Andrea Swift, na porta do hotel onde a artista se hospedou. O registro ainda existe e está tremido por conta do nervosismo do momento. Glenda, que mora nos Estados Unidos e já foi a outros shows de Taylor, mantém até hoje a amizade virtual com outros fãs da cantora, como com a brasileira Juliana Uchôa
Diferente de muitos fãs que não conseguiram uma vaga para novembro deste ano, Juliana mobilizou toda a família e amigos para conseguir um ingresso. Se logou em cinco computadores ao mesmo tempo, fora o celular. E conseguiu: já tem garantido dois shows em São Paulo e um no Rio. Mas quer mesmo é ir nas seis apresentações.
Outro fã diz que teve que implorar aos avós, com quem morava na época, para deixá-lo ir. Na época, Renann Faber estava de castigo e não podia ir a nenhuma festa. Ele comprou o ingresso com o dinheiro da mesada sem saber se poderia ir. Na época, um conhecido de uma amiga do colégio vendeu a entrada por ter vínculos com a produção do espetáculo.
"Eu negociei muito, cheguei a chorar, pois era uma oportunidade única. Até inventei que tinha ganhado. Falei para ela dobrar o meu castigo só para me deixar ir."
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