Príncipe Harry: a acusação central contra William que continua sem resposta da família real
Esqueça, por um momento, a acusação do príncipe Harry de que seu irmão, William, o agrediu fisicamente —alegação supostamente apresentada no próximo livro de memórias de Harry, "Spare" (em pré-venda no Brasil com o título "O que Sobra" pela Objetiva, do grupo Companhia das Letras).
Coloque de lado as alegações de brigas com gritaria e William criticando a esposa dor irmão mais novo. Todos detalhes são fofocas que revelam —se forem verdade— o quanto o relacionamento entre os irmãos se tornou tóxico.
Não é de surpreender que o palácio tenha empinado o nariz e se recusado a comentar experiências privadas que são comuns em muitas famílias. Muitos acreditam que a família real merece um pouco de privacidade.
No entanto, uma peça central na história é uma acusação que vai no sentido oposto a essa ideia de privacidade —e que a família real também se recusou a comentar. Harry disse que sua família vazou e plantou histórias negativas sobre ele e sua esposa na imprensa.
O príncipe falou sobre o assunto em um clipe que mostra um trecho da entrevista que o príncipe deu ao apresentador Tom Bradby, do canal britânico ITV, e que vai ao ar no domingo (8/1). O duque de Sussex é questionado se seu desejo por privacidade não seria contraditório com os detalhes que tem revelado sobre o racha na família.
"Essa", diz Harry, "seria a acusação de pessoas que não entendem ou não querem acreditar que minha família tem vazado histórias para a imprensa."
O duque disse algo na mesma linha no documentário da Netflix "Harry & Meghan", lançado no ano passado. Segundo Harry, quando eram jovens, os irmãos prometeram que jamais vazariam histórias de um contra o outro para a imprensa. Ele explicou que o acordo nasceu da dificuldade enfrentada durante o divórcio de seus pais, Diana e o então príncipe Charles, que repassavam informações cruéis à mídia por terceiros.
Harry descobriu que o gabinete que eles em tese dividiam —a equipe de comunicação do Palácio de Kensington— e que deveria falar e defender tanto ele quanto seu irmão, estava alimentando a mídia com histórias negativas sobre Meghan. Os casais dividiram oficialmente seus gabinetes em janeiro de 2020.
Logo após o casamento de Harry e Meghan, começaram a surgir histórias sobre o comportamento de Meghan em relação aos funcionários do palácio, sobre as exigências que ela teria feito durante a cerimônia de 2018, sobre como ela teria feito Kate, agora princesa de Gales, chorar —segundo a duquesa, na realidade teria sido Kate quem fez Meghan chorar.
A profunda antipatia de Harry pela mídia, em particular aos tabloides mais vendidos do Reino Unido, é bem conhecida. Mas esta acusação contra William é diferente.
Se você é um membro da família real, o esperado é que você ignore as críticas e deixe a comunicação do palácio lidar com a imprensa. Você não fala, não conta o seu lado da história. Mas a situação se complica se as pessoas em que você confia para defender sua família estão alimentando os tabloides com histórias negativas.
Aos olhos de Harry, não havia como a verdade ser dita enquanto ele permanecesse dentro do maquinário do palácio. O lado dele e de Meghan da história, diz ele, nunca foi contado. E pior: Harry diz que os funcionários do palácio, pessoas pagas pelo contribuinte britânico para falar por eles, estavam na verdade os prejudicando.
Se esta fosse uma alegação feita contra um departamento do governo, um partido político, uma empresa ou um time de futebol, o público definitivamente esperaria uma resposta oficial da entidade.
A falta de qualquer resposta ou negação seria tomada por muitos como uma admissão de que a alegação era verdadeira. Então é verdade que o gabinete de William e Kate, financiado pelos contribuintes, plantou histórias negativas contra Harry e sua esposa?
Sem comentários, diz o palácio.
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