Eterno coadjuvante, Eri Johnson desiste das novelas e vira apresentador
Após 40 anos de carreira e passagens por Globo e Record, ator chega a RedeTV!
Após 40 anos de carreira e passagens por Globo e Record, ator chega a RedeTV!
Conhecido na história da TV por personagens cômicos, despojados e até meio malandros, sobretudo em tramas da autora Gloria Perez, o ator Eri Johnson, 60, decidiu que está na hora de encerrar de vez seu trabalho como ator de novelas. Segundo ele, o momento é de pensar em dar uma virada na carreira.
A partir da próxima segunda (2), Eri se tornará apresentador do novo matinal da RedeTV! chamado Bom Dia Você, uma atração de variedades, informação, entrevistas e culinária que ele comandará ao lado de Alinne Prado. "A essência será de simplicidade, de olho no olho, de acolhimento. O mundo está carente disso", diz a apresentadora.
A decisão de Eri Johnson de não atuar mais em tramas foi bastante pensada, mesmo que ele encerre essa trajetória de mais de 40 anos sem ter conseguido um papel de protagonista. "Falta tanta coisa para nós e ser protagonista faltou também, mas já sou protagonista no teatro há muitos anos. É Deus quem comanda essas coisas. Eu acho que gostaria de ter tido um papel principal em novela, mas tenho tantos papéis principais no teatro que acaba não sendo justo pensar nisso", afirma.
O ator e apresentador, que agora usará sua intimidade com os famosos para produzir conteúdo para o novo programa, comenta que nunca se sentiu desvalorizado nem na Globo nem na Record, onde fez novelas como "Belaventura" (2017) e "Topíssima" (2019).
"Comecei como figurante penetra em ‘Dancin’ Days’ (Globo, 1978) e para chegar onde cheguei eu fui um protagonista. Não tenho desavença com ninguém. Apresentar um programa na RedeTV! será a grande virada da minha trajetória, pois depende só de mim", afirma ele. Veja abaixo trechos editados da entrevista.
Como avalia essa sua estreia como apresentador?
Nunca conduzi um programa de TV principalmente sendo diário. O que fiz durante a pandemia foi apresentar lives do Mumuzinho, Gusttavo Lima, Naiara Azevedo, mas é muito diferente de estar duas horas em TV aberta de segunda a sexta, ao vivo. Minha relação com o telespectador é de credibilidade e confiança. Quando fui chamado para conversar sobre esse projeto me disseram que meu público era de donas de casa e achei isso legal. Vai ser uma experiência desafiadora e me sinto preparado. Vou aprendendo a cada dia, mas me sinto grato por essa oportunidade que queria havia alguns anos.
Tem alguém que sirva de inspiração para esse desafio?
Se for para falar de uma inspiração esta sempre será o grande rei Roberto Carlos. Ele se apresenta de um jeito com educação, carinho, respeito e amor por quem o assiste. Acredito que eu possa ser isso e levar informação de maneira mais verdadeira e orgânica. O grande lance é que poderei ser eu o tempo todo e assim me sinto à vontade. Vou poder dar opinião e ser eu mesmo na TV depois de tantos personagens.
No que o Bom Dia Você se difere dos demais matinais da TV aberta?
Quando falamos em programa de manhã falamos de lazer, entretenimento, culinária e informação. De diferente será a nossa opinião e nosso olhar sobre os fatos. Tenho 42 anos de profissão e fiz grandes amigos. Vou dar chance de as pessoas verem a minha amizade com elas, a nossa intimidade. Na estreia já tem um papo com meu irmão Gusttavo Lima. Essa relação que eu tenho com esses amigos, atores, músicos, jogadores de futebol, vai ajudar a trazer conteúdo ao programa.
Se preocupa com audiência?
Quando comecei a carreira de ator me falaram que existia uma dificuldade porque tinham vários atores competindo. Ouvi isso, prestei atenção e continuei a minha vida. Ibope é preocupação maior de setor comercial, mas não vejo ibope como a melhor coisa. Procuramos entregar qualidade, o máximo possível. Claro que precisamos do ibope, mas o Boni [José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, empresário e diretor de TV, conhecido por seu trabalho na Globo] já falava em padrão de qualidade. Quero entregar isso.
Você nunca foi protagonista em mais de 20 novelas. Sente que só agora está sendo valorizado na TV?
Não posso falar isso, tenho muita gratidão pela Globo e pela Record. Tive muitas oportunidades, a Gloria Perez, por exemplo, sou grato a ela pela ajuda na carreira. Fico pensando em nomes como [o dos diretores] Roberto Talma [1949-2015], Wolf Maya e Paulo Ubiratan [1947-1998] e o que eles gostariam que eu fizesse. Pude aprender tanto com eles. Estou tendo a chance agora de virar apresentador que para mim é a oportunidade para a qual verdadeiramente vinha me preparando. Não tenho medo, tenho fé. Maior responsabilidade do que qualquer outra coisa.
Não bate chateação ou um gostinho de que poderia ter tido a chance de estrelar uma trama?
Falta tanta coisa para nós e ser protagonista faltou também, mas já sou protagonista no teatro há muitos anos. É Deus quem comanda essas coisas. Eu acho que gostaria de ter tido um papel principal em novela, mas tenho tantos papéis principais no teatro que acaba não sendo justo pensar nisso. Mas a essa altura, protagonizar uma novela agora já não faz mais parte do meu pensamento, só quero curtir a nova fase com responsabilidade.
Pensa em fazer outra novela ainda?
Depois de 42 anos chego à conclusão de que minha história em novelas foi até onde deu. Daqui para frente não quero mais fazer novelas, mesmo com esse gostinho de quero mais [por não ter sido protagonista]. Talvez só série ou sitcom. Essa nova etapa é muito mais importante. Comecei como figurante penetra em ‘Dancin’ Days’ (1978) e para chegar onde cheguei eu fui um protagonista. Não tenho desavença com ninguém com quem já trabalhei na TV. Apresentar um programa na RedeTV! será a grande virada da minha trajetória, pois depende só de mim.
Com o programa na emissora em São Paulo, como ficará tanto tempo sem praia e futevôlei?
Estou morando há sete meses em São Paulo, num prédio na Vila Olímpia (zona sul), no mesmo lugar onde moram Lucas Lucco, Edmundo. Lá tem uma quadra de tênis que a gente transforma em quadra de futevôlei. Mas estou acostumado com a praia, gosto de dar um "mergulho de Deus" como eu chamo. Mas agora estou fazendo bate e volta para Guarujá, é rapidinho. Nessa nova rotina, após sair do programa, umas 15h, terei a tarde toda e os finais de semana para fazer isso.
Quais outros projetos você tem em vista?
Acabo agora uma temporada do espetáculo "Eri Pinta Johnson Borda", em São Luís (MA). E farei eventos de futebol com ex-jogadores e aproveitarei para gravar com eles.
Uma curiosidade sobre a sua pinta, tema até de espetáculo teatral. Já pensou em tirá-la?
Já fui motivo de piada a infância inteira, diziam que era cocô de urubu. Teve até um diretor de TV que no começo da carreira disse que a pinta me atrapalharia. Mas na adolescência ela virou charme. Nunca pensei em tirar. O tempo foi passando e ela foi me favorecendo, virei referência como "o ator da pinta". Agora a danada está diminuindo, mas continua me ajudando.
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